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Deputados apresentam ao MP-RJ representação contra Crivella

Os parlamentares acusam Crivella de oferecer facilidades a pastores e frequentadores de sua igreja no atendimento pelo SUS e no pagamento de impostos.

Marcelo Crivella: Prefeito prometeu atender os fiéis indicados pelos pastores para cirurgia de catarata em duas semanas; média da espera no SUS para o procedimento é superior a dois anos. (Tomaz Silva/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de julho de 2018 às 12h55.

Última atualização em 9 de julho de 2018 às 12h56.

Rio - Parlamentares do PSOL apresentaram nesta segunda-feira, 9, uma representação no Ministério Público do Estado (MP-RJ) contra o prefeito Marcelo Crivella (PRB), bispo afastado da Igreja Universal, por improbidade administrativa. Os deputados estaduais Marcelo Freixo e Flávio Serafini, juntamente com os vereadores Tarcísio Motta, Renato Cinco, Paulo Pinheiro, Brizola Neto e Babá, se reuniram com o procurador-geral Eduardo Gussem por 20 minutos antes de protocolarem a representação.

Os parlamentares acusam Crivella de oferecer facilidades a pastores e frequentadores de sua igreja no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e no pagamento de impostos. Além disso, pedem que seja investigado o uso de um bem público, o Palácio da Cidade, sede da Prefeitura, para campanha eleitoral na mesma ocasião.

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"É necessário que o Ministério Público se posicione sobre aquela absurda reunião do Marcelo Crivella que, de forma flagrante, cometeu crime eleitoral ao fazer campanha em um espaço público antes da hora, como também ofereceu vantagens para que pessoas pudessem furar a fila do sistema de regulação e ter acesso a cirurgias antes da hora", afirmou o vereador Tarcísio Motta, líder da bancada do PSOL na Câmara, antes da reunião. "Isso é inadmissível pois fere um dos preceitos mais básicos da República, o da igualdade. O prefeito não pode favorecer um grupo de amigos e aliados."

Na última sexta-feira, o MP-RJ já havia informado que pretendia investigar as circunstâncias da reunião.

Na quarta-feira, no Palácio da Cidade, em evento que estava fora da agenda, o prefeito afirmou para uma plateia formada por pastores e líderes religiosos da Universal que ajudaria fiéis a fazer cirurgia de catarata e varizes pelo SUS e que daria auxílio a pastores que estivessem com problemas de IPTU em seus templos. Além disso, ele exaltou o pré-candidato a deputado federal pelo PRB Rubens Teixeira, que estava presente à reunião.

Pedido de impeachment

Ainda nesta segunda-feira, PSOL e PSDB vão solicitar ao presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippe, que convoque o plenário da casa em caráter extraordinário (eles estão em recesso), para debater a possibilidade de abertura de um processo de impeachment contra o prefeito.

"Há sérios indícios de crimes cometidos pelo prefeito, que podem levá-lo ao impeachment. A câmara precisa se reunir imediatamente", analisou a vereadora Teresa Bergher, que vai levar para os colegas também um requerimento de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Segundo Tarcísio Motta, a reunião revela um aspecto grave da administração do prefeito, que "continua agindo como pastor e acha que pode gerir a prefeitura como se fosse sua igreja": "Ele é prefeito e precisa se comportar como tal enquanto estiver à frente da Prefeitura do Rio. Não é possível admitir que qualquer pessoa tenha privilégios para ter acesso a cirurgias nos hospitais públicos e que processos com relação à isenção de IPTU sejam acelerados para fieis ou pastores. Isso é inadmissível no regime republicano".

A média de tempo de espera por uma cirurgia de catarata pelo SUS é superior a dois anos. O prefeito, no entanto, prometeu atender os fiéis indicados pelos pastores em não mais que duas semanas.

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