Eduardo Cunha é escoltado por policias federais usando balaclava: um jeito para não chamar a atenção (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 12h27.
Última atualização em 26 de outubro de 2016 às 14h47.
São Paulo – Depois do sucesso do policial Lucas Valença, o “hipster da Federal” que escoltou o ex-deputado Eduardo Cunha até a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, agentes terão que usar a balaclava, uma espécie de touca que cobre parte do rosto, durante operações. A informação é do presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Boudens.
Segundo ele, a visibilidade repentina de Valença teria provocado uma “reação rápida dos delegados, que não querem rivalizar os holofotes. Determinaram que a partir de agora todos os agentes usem a balaclava, uma espécie de burca da PF”, afirmou em nota para EXAME.com. A Polícia Federal não confirmou a informação.
O traje foi usado por agentes da PF na última quinta-feira, enquanto escoltavam Cunha para um exame no Instituto Médico Legal, em Curitiba (PR).
De acordo com Boudens, a orientação tem caráter informal. Até a repentina popularidade de Valença, o uso da balaclava era uma decisão pessoal de cada agente.
"Essa determinação informal em qualquer tipo de operação fere o direito dos policiais federais. Traz ranço de autoritarismo e padroniza algo que deve ser avaliado caso a caso. Em caso de operações uniformizadas sensíveis, poderia-se abrir a possibilidade/obrigatoriedade de seu uso. Nas demais, a discricionariedade deveria ser a regra; nas discretas, como na condução do ex-presidente da Câmara dos Deputados, tal uso deveria ser impedido", afirmou o presidente da entidade em nota enviada a EXAME.com.
Em entrevista ao programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, Valença afirmou que está saindo de férias, mas negou que o afastamento esteja relacionado com a repercussão nas redes sociais.
Para EXAME.com, a Polícia Federal admitiu que está apurando se a conduta de Valença entrou em conflito com normas internas da corporação. Pelas regras da PF, nenhum agente pode conceder entrevistas e falar em nome do órgão sem consentimento interno.
Matéria atualizada às 14h51 para incluir informações