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De surpresa, Bolsonaro anuncia troca de chefe da PF-RJ; delegados reagem

Decisão é vista pelo sindicato da categoria como preocupante por "ferir a autonomia" do órgão; PF diz que troca já vinha sendo articulada

Bolsonaro: historicamente a definição dos superintendentes regionais é de responsabilidade apenas do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo (Adriano Machado/Reuters)
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Clara Cerioni

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 17h01.

Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 17h13.

Brasília — O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (15), que vai substituir o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, por "questões de produtividade" e um "sentimento" para evitar problemas.

"Todos os ministérios são passíveis de mudança. Eu vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivo: é questão de produtividade", afirmou o presidente.

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O presidente afirmou ainda que, em relação a qualquer cargo na administração, "se tiver que mudar, a gente muda". "O único que levou facada e ralou quatro anos para chegar aqui fui eu. Ponto final. O povo confiou em mim o destino da nação. Eu tenho que decidir."

Durante a declaração, Bolsonaro disse que não teria, ainda, um nome para substituir Saadi. Em nota nesta tarde, a PF anunciou que quem assumirá o posto no RJ será oatual superintendente em Pernambuco, Carlos Henrique Oliveira Sousa.

O anúncio do presidente foi recebido com surpresa pela equipe do Planalto e pela PF. Segundo divulgou equipe de comunicação do órgão, amudança já vinha sendo trabalhada, mas historicamente a definição dos superintendentes regionais é de responsabilidade apenas do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Por isso, a surpresa da fala do presidente.

"A troca da autoridade máxima do órgão no estado já estava sendo planejada há alguns meses e o motivo da providência é o desejo manifestado, pelo próprio policial, de vir trabalhar em Brasília, não guardando qualquer relação com o desempenho do atual ocupante do cargo", diz a PF.

Atualmente, a PF é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Sergio Moro. Desde janeiro, segundo o órgão, a PF já promoveu a troca de 11 superintendentes.

Em nota, o Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Estado de São Paulo (SINDPF-SP) manifestou repúdio sobre a exoneração do superintendente.

"A escolha de superintendentes compete ao Diretor-Geral da Polícia Federal e a fala do presidente, mais que desrespeitosa, atenta contra a autonomia da Polícia Federal", diz o texto.

De acordo com o sindicato, a PF é uma "instituição de Estado e deve ter autonomia para se manter independente e livre de quaisquer ingerências políticas".

Desde 2009, tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional para regulamentar a autonomia da PF.

A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal defende que a medida é necessária porque sua subordinação ao Ministério da Justiça "torna a PF vulnerável a interferências políticas de governantes de ocasião e a impede de combater o crime organizado e a corrupção de forma mais efetiva".

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