PROTESTO: torcedora em Brasíia é repreendida após abrir cartaz contra Michel Temer / Ueslei Marcelino
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2016 às 06h40.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h19.
Em Londres, quando o Reino Unido ganhou o primeiro ouro, o então prefeito Boris Johnson desceu fantasiado por uma tirolesa para comemorar. O estilo bonachão da brincadeira foi lembrado até o final de seu mandato. Ainda embalado pela popularidade trazida pelos Jogos, hoje Johnson é chanceler de seu país.
No Brasil, não faltam personagens tentando pegar carona no sucesso das Olimpíadas. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ensaia uma aproximação do presidente interino Michel Temer, vislumbrando sua candidatura ao governo do estado em 2018. Disse para parlamentares durante o final de semana que as Olimpíadas só foram possíveis por causa da liberação de recursos feita pelo interino e se define, agora, como “ex-lulista e ex-dilmista”. Ministros, como o do esporte, Leonardo Picciani, e da Defesa, Raul Jungmann, também podem ser beneficiados.
Outro palco para disputas políticas são as redes sociais. A judoca Rafaela Silva mal havia subido ao pódio, na segunda-feira, e apoiadores do PT passaram a compartilhar um vídeo antigo em que ela pede voto para Dilma Rousseff e defende as políticas de apoio ao esporte instituídas pela presidente afastada – como a bolsa pódio, utilizada por ela. Por outro lado, militantes da direita passaram a compartilhar fotos da atleta, que é sargento da Marinha, em continência e afirmando que ela não precisou de cotas para atingir o auge no esporte e não dependia das políticas sociais.
As boas notícias para políticos e as brigas na internet pelos louros não significam que o Rio não tenha problemas – e eles terão que encontrar um dono. O Comitê Rio-16 não tem dinheiro para fazer as Paralimpíadas e busca um patrocinador que tope bancar o evento. O risco é que a conta fique, mais uma vez, para a viúva.
Por decisão judicial, os protestos a favor e contra o governo estão liberados nas arquibancadas (pelo menos por enquanto). São uma forma de tornar público o que nos bastidores todo mundo sabe – a disputa política, nos Jogos, é tão intensa quanto a disputa por medalhas.