De Pessoa a Chico Buarque: os mais citados no Mensalão

“ Senhor procurador, 'sua piscina está cheia de ratos, suas ideias não correspondem aos fatos '”. Luís Maximiliano Leal Telesca Mota, advogado de Anita Leocádia, ex-assessora do então deputado Paulo Rocha, trouxe mais cultura nacional contemporânea para o julgamento e encerrou sua fala com um trecho da música O tempo não para, de Cazuza.

“ Da garrafa estilhaçada no ladrilho já sereno escorre uma coisa espessa que é leite, sangue... não sei. Por entre objetos confusos, mal redimidos da noite, duas cores se procuram, suavemente se tocam, amorosamente se enlaçam, formando um terceiro tom a que chamamos aurora ”. Marcelo Leal. Nem Carlos Drummond de Andrade escapou das referências dos advogados. Marcelo Leal usou o belo poema “Morte do Leiteiro” na defesa do deputado cassado Pedro Corrêa. O advogado disse que a aurora vem com o leite o sangue, e compara com a decisão, dizendo que ela terá de vir com a lei e o fato.

“ Dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações ”. Roberto Gurgel, procurador-geral da República, também não resistiu ao lirismo e citou a música ‘Vai Passar’, de Chico Buarque, para explicar o Mensalão.