Cunha liga aliado de Temer a irregularidades na Caixa
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o ex-presidente da Câmera acusa Moreira Franco de estar por trás de propina para obra no Rio
Anderson Figo
Publicado em 17 de setembro de 2016 às 18h32.
São Paulo - Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o deputado cassado Eduardo Cunha acusou Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias de Investimentos do governo, de estar por trás de irregularidades que financiaram obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
Franco é considerado o homem forte do governo de Michel Temer, e foi chamado de "cérebro" da gestão do atual presidente da República pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados.
O deputado cassado falou sobre o novo plano de concessões anunciado pelo governo nesta semana, no valor de 30 bilhões de reais. Segundo ele, o projeto já "nasce sob suspeição".
A cassação de Cunha foi aprovada na Câmara no último dia 12. Ele é suspeito de ter cobrado 52 milhões de reais da empreiteira Carioca Engenharia em troca da liberação de verbas do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) para o Porto Maravilha.
"O Moreira Franco era vice-presidente (de Fundos e Loterias) da Caixa, antes do Fábio Cleto, que fez a delação falando de mim. Quem criou o FI-FGTS na Caixa foi o Moreira Franco. Toda a operação no Porto Maravilha foi montada por ele. No programa de privatização, dos 30 bilhões de reais anunciados, 12 bilhões vêm de onde? Do Fundo de Investimento da Caixa. Ele sabe de onde tirar dinheiro. Esse programa de privatização começa com risco de escândalo. Nasce sob suspeição", disse Cunha ao jornal.
Segundo Cunha, Franco articulou a candidatura de Rodrigo Maia para ser presidente da Câmara, "atropelando a base aliada". Sobre a suspeita de que ele tenha recebido propina para a obra do Porto Maravilha, Cunha negou ter recebido qualquer "vantagem indevida".
"Acho engraçado quando você pega e fala de delação, citando Porto Maravilha, quando quem conduziu toda a negociação e abertura de financiamento, em conjunto com o prefeito do Rio (Eduardo Paes), foi o Moreira. E agora aparece uma denúncia e é contra mim? Isso é surreal. Quem comandava e ainda comanda o FI (Fundo de Investimento) chama-se Moreira Franco", afirmou ao jornal.
O deputado cassado disse ainda que há muitos financiamentos concedidos que foram perdas da Caixa. "Uma de que me lembro foi da Rede Energia. Outra foi da Nova Cibe. O uso de energia, na época, teve escândalo grande."
Quando perguntado pelo jornal se tinha provas em relação a Moreira Franco, Cunha disse apenas que estava "levantando suspeição", em sua defesa. Ele disse que não tem medo de ser preso. "Não há provas contra mim."
Michel Temer
Sobre o presidente Michel Temer, Cunha disse que ele tem legitimidade, mas "talvez não tenha para um programa radical". Ele disse que a população aplaudiu Temer porque ele tirou a ex-presidente Dilma Rousseff do poder, mas que o povo não está satisfeito.
"Acho que tem de ser uma coisa mais light, tentando recuperar aquilo que a Dilma descumpriu, sem movimentos radicais", disse ao jornal. Ele afirmou que espera que Temer consiga terminar seu mandato, mas que o presidente terá um caminho difícil pela frente.
"Desejo sucesso a ele, mas vejo muita dificuldade. Há ainda o risco do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, que pode cassar a chapa. Se levar a julgamento, vai cassar. As provas são irrefutáveis. Pergunto: por que o PSDB não desistiu da ação? Para deixar uma faca no pescoço."
Cunha reforçou que não pretende deixar seu partido, o PMDB, e afirmou que sua guerra não está perdida. "Ainda está só começando."
São Paulo - Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o deputado cassado Eduardo Cunha acusou Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias de Investimentos do governo, de estar por trás de irregularidades que financiaram obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
Franco é considerado o homem forte do governo de Michel Temer, e foi chamado de "cérebro" da gestão do atual presidente da República pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados.
O deputado cassado falou sobre o novo plano de concessões anunciado pelo governo nesta semana, no valor de 30 bilhões de reais. Segundo ele, o projeto já "nasce sob suspeição".
A cassação de Cunha foi aprovada na Câmara no último dia 12. Ele é suspeito de ter cobrado 52 milhões de reais da empreiteira Carioca Engenharia em troca da liberação de verbas do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) para o Porto Maravilha.
"O Moreira Franco era vice-presidente (de Fundos e Loterias) da Caixa, antes do Fábio Cleto, que fez a delação falando de mim. Quem criou o FI-FGTS na Caixa foi o Moreira Franco. Toda a operação no Porto Maravilha foi montada por ele. No programa de privatização, dos 30 bilhões de reais anunciados, 12 bilhões vêm de onde? Do Fundo de Investimento da Caixa. Ele sabe de onde tirar dinheiro. Esse programa de privatização começa com risco de escândalo. Nasce sob suspeição", disse Cunha ao jornal.
Segundo Cunha, Franco articulou a candidatura de Rodrigo Maia para ser presidente da Câmara, "atropelando a base aliada". Sobre a suspeita de que ele tenha recebido propina para a obra do Porto Maravilha, Cunha negou ter recebido qualquer "vantagem indevida".
"Acho engraçado quando você pega e fala de delação, citando Porto Maravilha, quando quem conduziu toda a negociação e abertura de financiamento, em conjunto com o prefeito do Rio (Eduardo Paes), foi o Moreira. E agora aparece uma denúncia e é contra mim? Isso é surreal. Quem comandava e ainda comanda o FI (Fundo de Investimento) chama-se Moreira Franco", afirmou ao jornal.
O deputado cassado disse ainda que há muitos financiamentos concedidos que foram perdas da Caixa. "Uma de que me lembro foi da Rede Energia. Outra foi da Nova Cibe. O uso de energia, na época, teve escândalo grande."
Quando perguntado pelo jornal se tinha provas em relação a Moreira Franco, Cunha disse apenas que estava "levantando suspeição", em sua defesa. Ele disse que não tem medo de ser preso. "Não há provas contra mim."
Michel Temer
Sobre o presidente Michel Temer, Cunha disse que ele tem legitimidade, mas "talvez não tenha para um programa radical". Ele disse que a população aplaudiu Temer porque ele tirou a ex-presidente Dilma Rousseff do poder, mas que o povo não está satisfeito.
"Acho que tem de ser uma coisa mais light, tentando recuperar aquilo que a Dilma descumpriu, sem movimentos radicais", disse ao jornal. Ele afirmou que espera que Temer consiga terminar seu mandato, mas que o presidente terá um caminho difícil pela frente.
"Desejo sucesso a ele, mas vejo muita dificuldade. Há ainda o risco do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, que pode cassar a chapa. Se levar a julgamento, vai cassar. As provas são irrefutáveis. Pergunto: por que o PSDB não desistiu da ação? Para deixar uma faca no pescoço."
Cunha reforçou que não pretende deixar seu partido, o PMDB, e afirmou que sua guerra não está perdida. "Ainda está só começando."