Cunha indica Temer como testemunha em ações da Caixa
O ex-presidente da Câmara é acusado de participar de um esquema que envolvia a liberação de recursos do banco em troca de pagamento de propina
Reuters
Publicado em 21 de junho de 2017 às 14h28.
Última atualização em 21 de junho de 2017 às 15h45.
Brasília - O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) indicou o presidente Michel Temer como testemunha em ações penais relacionadas a operações que investigam suspeitas de irregularidades envolvendo a Caixa Econômica Federal, de acordo com documentos judiciais.
Em audiência realizada na terça-feira na 10ª Vara Federal, em Brasília, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira determinou que Cunha apresentasse no prazo de cinco dias os quesitos a serem respondidos por Temer, e uma fonte com conhecimento dito da questão disse à Reuters que as perguntas já foram enviadas pela defesa do ex-deputado.
Questionado se o presidente recebeu as perguntas enviadas por Cunha e se irá respondê-las, o Palácio do Planalto disse em resposta enviada à Reuters por e-mail que os advogados de Temer estão examinando.
As ações penais são relacionadas às operações Sépsis e Cui Bono, ambas que investigam suspeitas de irregularidades na liberação de recursos da Caixa para grandes empresas.
Entre as companhias que teriam sido beneficiadas estão a Eldorado Celulose, da holding J&F, a Marfrig, o Grupo Bertin e a BR Vias, de acordo com as investigações da Polícia Federal.
Além de Cunha, que está preso em Curitiba no âmbito da operação Lava Jato, também figuram como denunciados nos processos da operação Sépsis o operador financeiro Lúcio Funaro e o ex-deputado e ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB), que também se encontram presos preventivamente.
De acordo com as investigações, o esquema envolvia a liberação de recursos da Caixa para as companhias por meio de direcionamento político, com participação de Cunha, em troca de pagamento de propina.
Temer já havia sido arrolado como testemunha de defesa de Cunha em outra ação, mas os questionamentos foram desconsideradas pelo juiz federal Sério Moro, condutor da Lava Jato na primeira instância, em decisão de fevereiro.