Brasil

Criminosos modernos usam offshores e trustes, diz procurador

Procurador da Lava Jato disse que "criminosos mais modernos usam offshores e trustes", em referência a Eduardo Cunha, do PMDB


	Eduardo Cunha (PMDB-RJ): Cunha tem batido na tecla que não mantinha contas no exterior e, sim, trustes
 (Adriano Machado/Reuters)

Eduardo Cunha (PMDB-RJ): Cunha tem batido na tecla que não mantinha contas no exterior e, sim, trustes (Adriano Machado/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2016 às 19h07.

São Paulo - O procurador da República, Deltan Dallagnol, da Operação Lava Jato, fulminou o único álibi no qual o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se agarra para manter o mandato na Câmara. Nesta quinta-feira, 9, o procurador que coordena a Lava Jato afirmou que "criminosos mais modernos usam offshores e trustes".

Ao Conselho de Ética da Câmara, onde enfrenta um processo de cassação, Eduardo Cunha tem batido na tecla que não mantinha contas no exterior e, sim, trustes. Durante entrevista coletiva sobre a denúncia contra a mulher do parlamentar, Cláudia Cruz, o procurador atacou o argumento central do parlamentar.

"De modo bastante simples, quem cria um truste em benefício próprio é como se usasse o truste como depositário. É como se a pessoa entregasse para o seu gerente de banco o dinheiro para depois recebê-lo de volta. E de modo bastante simples, nós podemos dizer que para esconder quem é o verdadeiro proprietário do dinheiro, os criminosos mais antiquados, mais defasados, usavam ou usam laranjas e testas de ferros. Os criminosos mais modernos, mais sofisticados, usam offshores e trustes", afirmou Deltan.

Na decisão que abriu a ação contra Cláudia Cruz, o juiz federal Sérgio Moro também desmontou o álibi de Cunha. O magistrado considerou "questionável" a versão do presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), de que os valores movimentados em contas no exterior atribuídas a ele pertencem a trustes e offshores e não estão em seu nome.

"Em princípio, o álibi de que as contas e os valores eram titularizados por trustes ou offshore é bastante questionável, já que aparentam ser apenas empresas de papel, sem existência física ou real. A Köpek (da mulher de Cunha, Cláudia Cruz), aliás, menos do que isso", assinala Moro.

Defesa

A defesa de Claudia Cruz diz que ela "responderá às imputações como fez até o momento, colaborando com a Justiça e entregando os documentos necessários à apuração dos fatos. Destaca que não tem qualquer relação com atos de corrupção ou de lavagem de dinheiro, não conhece os demais denunciados e jamais participou ou presenciou negociações ilícitas".

Em nota divulgada no Twitter, Eduardo Cunha diz: "Trata-se de procedimento desmembrado do inquérito 4146 do STF, em que foi apresentada a denúncia, pelo Procurador Geral da República, ainda não apreciada pelo Supremo.

Foi oferecida a denúncia do Juízo de 1º Grau, em que o rito é diferenciado, com recebimento preliminar de denúncia, abertura de prazo para defesa em dez dias e posterior decisão sobre a manutenção ou não do seu recebimento.

O desmembramento da denúncia foi alvo de recursos e Reclamação ainda não julgados pelo STF que, se providos, farão retornar esse processo do STF.

Independente do aguardo do julgamento do STF, será oferecida a defesa após a notificação, com certeza de que os argumentos da defesa serão acolhidos.

Minha esposa possuía conta no exterior dentro das normas da legislação brasileira, declaradas às autoridades competentes no momento obrigatório, e a origem dos recursos nela depositados em nada tem a ver com quaisquer recursos ilícitos ou recebimento de vantagem indevida".

Já o criminalista José Claudio Marques Barbosa, que defende João Augusto Rezende Henriques, informou que só vai se manifestar sobre a acusação pelos autos e após se encontrar com seu cliente, que está preso no Paraná.

Acompanhe tudo sobre:Eduardo CunhaMDB – Movimento Democrático BrasileiroOperação Lava JatoPartidos políticos

Mais de Brasil

Desde o início do ano, 16 pessoas foram baleadas ao entrarem por engano em favelas do RJ

Justiça suspende revisão que permitiria construção de condomínios nos Jardins

Dino convoca para fevereiro audiência com nova cúpula do Congresso para discutir emendas

Em decisão sobre emendas, Dino cita malas de dinheiro apreendidas em aviões e jogadas por janelas