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Crime violento cai 57% em SP; Itanhaém é a pior e Vinhedo, a melhor

Índice leva em consideração crimes como homicídio, latrocínio, estupro e roubo no estado; taxa é alta em cidades do litoral

Violência: diminuição geral do índice no ano passado pode ser atribuída à continuidade na queda do patamar de homicídios (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Violência: diminuição geral do índice no ano passado pode ser atribuída à continuidade na queda do patamar de homicídios (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de maio de 2019 às 12h00.

Última atualização em 6 de maio de 2019 às 12h10.

São Paulo — O risco de sofrer um crime violento caiu em 79 dos 139 municípios paulistas (57%) com população maior que 50 mil habitantes. É o que mostra o Índice de Exposição à Criminalidade Violenta (IECV), produzido pelo Instituto Sou da Paz, com base nos indicadores oficiais da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo.

De acordo com a edição mais recente, referente ao ano de 2018, e divulgada agora com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, O Estado paulista Paulo tem um novo município mais violento: Itanhaém, na Baixada Santista.

A cidade onde o risco de sofrer um crime é considerado menor é Vinhedo, perto de Campinas, no interior. O que separa a cidade mais violenta da menos violenta do Estado são 25 homicídios, 732 roubos e 52 estupros.

A diminuição geral do índice do Estado no ano passado pode ser atribuída à continuidade na queda do patamar de homicídios e à redução da quantidade de roubos totais, o que inclui roubos a pedestres, residências e comércios, por exemplo. Contrasta com a queda, a alta nos registros de estupro, que no fim do ano chegou a obter quedas mensais, mas fechou 2018 com uma alta total.

A coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Ana Carolina Pekny, diz que um dos fatores que mais explica a discrepância entre as cidades paulistas é a taxa de homicídio observada nelas. Cidades como Itanhaém e Lorena chegam a ter um índice por 100 mil habitantes quase quatro vezes maior do que a média do Estado.

"É uma incidência muito maior do que média. E, como vemos a queda nos números totais no Estado, nem sempre é percebida com a devida atenção a taxa nessas cidades", diz.

Dos dez municípios mais expostos a crimes violentos em 2018, assim como em 2017, seis fazem parte da região de São José dos Campos: Caraguatatuba, Cruzeiro, Guaratinguetá, Jacareí, Lorena e Ubatuba. Chama atenção também que cinco dos dez municípios em que a estatística mais cresceu em relação a 2017 estivessem naquele ano entre aqueles com a menor exposição a crimes violentos: Jaú, Mococa, Jaguariúna, Indaiatuba e Santos.

O caso que mais se destaca é o de Ibitinga: apontado em 2017 como o município que apresentou a maior redução no IECV (-54%), assumiu o topo entre os municípios com maior aumento em 2018.

Quatro dos dez municípios que mais reduziram o índice em relação ao ano passado estão localizados na região de Ribeirão Preto (Franca, Olímpia, Taquaritinga e São Joaquim da Barra), com quedas no índice entre 37% e 57%.

A queda mais expressiva entre os municípios em 2018 foi de Vinhedo, com uma redução de 61%. Figuram ainda na lista das dez cidades menos expostas à criminalidade São José do Rio Pardo, São Caetano do Sul, Santa Bárbara d'Oeste e Americana.

Policiamento

A pesquisadora Ana Carolina Pekny lembra que a atuação da polícia nem sempre é uniforme em todo o Estado, apesar de existirem protocolos para guiar essa atuação. Além disso, reforça ela, há ainda questões próprias de cada município, como as relacionadas a prevenção e implementação de políticas sociais e fatores socioeconômicos. "A situação da segurança na cidade não passa só pela polícia", afirma.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública diz que o relatório "revela que as políticas públicas adotadas no combate à criminalidade estão no caminho certo, uma vez que a maioria dos crimes no Estado apresenta redução".

Segundo a pasta, desde o início do ano, esse trabalho tem sido aprimorado com "megaoperações policiais". Em relação a Itanhaém e a cidades do Vale do Paraíba, a secretaria diz que tem tomado medidas para reforçar o policiamento, "como a realização das operações integradas no Vale do Paraíba, as Operações São Paulo Mais Seguro e Rodovia Mais Segura, além das ações locais que permitiram a prisão de 6.018 criminosos e a apreensão de 533 armas e 4,9 toneladas de drogas nessas duas regiões".

Vigilância

O último homicídio doloso registrado em Vinhedo, no interior de São Paulo, aconteceu em 13 de agosto de 2017. Nos últimos 20 meses, além de homicídio zero, a cidade registrou menos de um roubo por dia, apenas um roubo de carga a cada mês e nenhum roubo a banco.

Com 77 mil habitantes, localizada entre as regiões metropolitanas de Campinas e São Paulo, área do Estado conhecida pela violência, Vinhedo tem o menor IECV do Estado.

O zelador Fernando Henrique Silvestre, de 35 anos, aproveita a folga do almoço para tirar um cochilo em seu carro, com os vidros abertos. "Faço isso há três anos e nunca me aconteceu nada. Essa cidade é exemplo em segurança", diz.

Para enxergar uma das razões da tranquilidade de Silvestre, basta olhar para o alto. Ao menos 213 câmeras observam quem circula pela cidade, a mais vigiada do Estado, com média de uma para cada 362 moradores. "O mal intencionado consegue entrar, mas fica difícil sair, pois será abordado pela nossa segurança", afirma o prefeito, Jaime Cruz (PSDB). "Quem faz a cidade boa são as pessoas, por isso trabalhamos fortemente essa questão nas escolas municipais. O estudante chega na adolescência sabendo que viver em paz é bom."

Itanhaém

Na cidade de Itanhaém, considerada a mais exposta a crimes violentos no Estado, o pedreiro Ronaldo Lopes Soares, de 43 anos, empurrava o balanço da filha de 5 anos na praia e não tinha o que reclamar. "Aqui, nunca vi nada disso (violência). Sempre vejo vigilância e me sinto seguro", disse. Para logo depois emendar: "só nos bairros onde tem droga, você vê isso. Uma coisa leva à outra."

A taxa de homicídios do município é de 25 por 100 mil habitantes, quase quatro vezes superior à media do Estado. A prefeitura culpa a sazonalidade, com aumento de população no verão, e diz desenvolver ações para prevenção da violência.

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