Miriam Belchior anunciou, ao lado de Guido Mantega, o corte de R$ 50 bi no orçamento (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 9 de fevereiro de 2011 às 17h10.
São Paulo - O corte de 50 bilhões de reais no orçamento da União para 2011, anunciado nesta quarta-feira (8), não elimina uma das maiores fontes de gastos do governo, que é o pagamento de uma das maiores taxas de juros do mundo.
"Lamento que não haja tentativa de negociar um pouco mais a parte financeira, no que diz respeito aos comprometimentos com os juros. Estes são grandes gastos da União e da maioria dos governos estaduais", diz o economista Adriano Biava, professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo.
O professor, que é pesquisador na área de finanças públicas, diz que deveria haver mais empenho do governo em discutir a política de juros elevados. Ele vê, entretanto, que o corte anunciado representa uma oportunidade para que as pressões sobre o Banco Central para aumentar a taxa Selic diminuam ao longo do ano.
De modo geral, Biava considera a notícia positiva. Segundo ele, depois de um período de políticas expansionistas, que visavam ajudar o país a atravessar a crise, era hora de haver um movimento no sentido contrário como foi o anunciado.
Auditoria
Durante a coletiva sobre o orçamento, a ministra Miriam Belchior anunciou que a folha de pagamento da União será o primeiro item da lista de redução de gastos. Segundo ela, uma equipe da Fundação Getúlio Vargas será responsável por uma "grande auditoria externa" na folha de pagamento do governo federal.
"Isto deveria ser uma providência normal, nada de extraordinário. Fico surpreso com o fato de o governo ter que fazer um apelo a instituições externas. Isto deveria ser trabalho de órgãos que já existem, e que deveriam ter competência para isso, como a Controladoria Geral da União", diz Biava.
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