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Corrupção é uma senhora bastante idosa no Brasil, diz Dilma

A presidente disse que a corrupção é "uma senhora bastante idosa" e que não existe "qualquer segmento" que esteja acima de qualquer suspeita


	Presidente Dilma Rousseff: "a corrupção não nasceu hoje"
 (Roberto Stuckert Filho/PR)

Presidente Dilma Rousseff: "a corrupção não nasceu hoje" (Roberto Stuckert Filho/PR)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2015 às 20h35.

Brasília - Em resposta ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a presidente Dilma Rousseff disse na tarde desta segunda-feira, 16, que a corrupção é "uma senhora bastante idosa" no Brasil e que não existe "qualquer segmento" que esteja acima de qualquer suspeita.

Em coletiva de imprensa na sede da Fiesp, em São Paulo, Cunha disse que "a corrupção no Brasil não está no Poder Legislativo, está no poder Executivo".

Em tom de crítica, Cunha comentou que não acusava o governo de conivência com a corrupção, mas por problemas de governança.

O peemedebista está sendo investigado perante o Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de suposto envolvimento em um esquema de corrupção na Petrobras, deflagrado pela Operação Lava Jato.

"Essa discussão não leva a nada. A corrupção não nasceu hoje, ela não só é uma senhora bastante idosa neste País, como ela não poupa ninguém, ela pode estar em tudo quanto é área, inclusive no setor privado", rebateu Dilma, em entrevista no Planalto depois de participar de solenidade de sanção do novo Código de Processo Civil.

"Agora não vamos achar que tem qualquer que seja, qualquer segmento acima de qualquer suspeita. Isso não existe."

Poder corruptor

Ao falar que o dinheiro tem "esse poder corruptor", Dilma destacou a crise financeira econômica mundial nos anos de 2008 e 2009, marcada por denúncias de fraude bancária.

"Nós temos de ter vigilância, instituições, legislação pra impedir que ocorra", ressaltou a presidente.

"O combate à corrupção começa também através de um processo educacional. O fato de você não querer ganhar vantagem em tudo, de você valorizar o trabalho, valorizar a pessoa que conquistou as coisas com seu próprio valor", observou.

PMDB

Depois de o Palácio do Planalto patrocinar nos bastidores a investidura do ministro Gilberto Kassab na criação de um novo partido, em um esforço para tornar o governo menos dependente do PMDB, a presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que não tem a intenção de isolar a sigla comandada pelo vice-presidente Michel Temer.

"Quanto à questão de isolar o PMDB, longe de nós querer isolar o PMDB. Pelo contrário, o vice-presidente na minha chapa é o companheiro Michel Temer, extremamente solidário. Nós temos uma parceria com o PMDB, o PMDB integra o governo, participa do governo", disse Dilma, em coletiva de imprensa depois de participar de solenidade de sanção do novo Código de Processo Civil, no Palácio do Planalto.

O PMDB reivindica mais espaço na Esplanada dos Ministérios, além de querer ser mais consultado pelo Palácio do Planalto na articulação de aprovação de matérias de interesse do governo.

Na manhã desta segunda-feira, Dilma participou de reunião de coordenação com o vice-presidente Michel Temer e dez ministros.

"Ninguém aqui pode achar que as instituições políticas do País estão à altura das necessidades do País. Não estão. E aí vale para todos os partidos, sem exceção. Estou falando de governabilidade, da forma pela qual se relaciona um partido na presidência da República com outros partidos", ressaltou a presidente.

"Em qualquer democracia, o diálogo é essencial. Se você instabiliza um país sempre que lhe interessa, uma hora essa instabilidade passa a ser algo que ameaça a todos, é a pior situação que tem. Estamos numa fase democrática que a gente tem de buscar o consenso mínimo, ninguém tem de concordar em tudo, não. Eu acho que é da democracia não haver concordância e unanimidade", comentou Dilma.

Congresso

Mesmo diante das dificuldades para manter vetos e aprovar matérias de interesse do governo, a presidente disse que o Congresso Nacional "não tem sido adverso" na relação com o Palácio do Planalto.

"Muito se fala, 'Ah, não vão aprovar no Congresso'. O Congresso não tem sido adverso no meu governo, sempre que (o assunto) foi explicado, sempre que foi debatido antes, o Congresso foi bastante sensível, tem sido sensível", comentou Dilma a jornalistas, depois de participar de solenidade no Palácio do Planalto de sanção do novo Código de Processo Civil.

Humildade

Ao ser questionada sobre a humildade do Palácio do Planalto e a sua real abertura para o diálogo, Dilma disse que existe "uma certa volúpia da imprensa em querer uma situação confessional".

"Não tem na minha postura nenhuma situação confessional. Atitude de humildade é o seguinte: você só pode abrir diálogo com quem quer abrir diálogo. Agora eu procurarei ter diálogo com quem seja quem for, é uma atitude de abertura, agora eu não estou aqui fazendo nenhuma confissão, isso aqui não é um palco de confissões", comentou.

"Se alguém achar que eu não fui humilde em algum diálogo, me diz qual, e eu tomo uma providência para mudar. Agora, uma conversa geral, 'Você não foi humilde', me diz onde, e aí tudo bem, quem sabe eu não fui mesmo. Caso contrário seria um absoluto fingimento da minha parte. Abertura pro diálogo é o seguinte: estamos dispostos a dialogar com quem quer seja, numa atitude de humildade, querendo escutar o que a pessoa diz", garantiu a presidente.

Manifestações

A presidente afirmou que os protestos representam uma "inequívoca demonstração de que o Brasil de agora é um País democrático". Ela disse que na democracia se respeitam as urnas e que seu governo sempre ouvirá as ruas, "legítimos espaços de manifestação popular, pacífica e sem violência".

"Diante do convite da ruptura da normalidade política", o Brasil escolheu o caminho da democracia e "do respeito de todos os princípios constitucionais", destacou a petista, durante cerimônia de sanção do novo Código do Processo Civil, no Palácio do Planalto. "É com democracia que se vencerá o ódio".

"Um País que, amparado na separação dos poderes e na democracia representativa e na livre manifestação popular - nas ruas e nas urnas - se torna cada vez mais impermeável ao preconceito, à intolerância, à violência, ao golpismo e ao retrocesso", afirmou.

Ela prometeu ainda ouvir as demandas da sociedade e dialogar com as diversas forças políticas do País. Ainda segundo Dilma, o "sentimento tem de ser de humildade e de firmeza".

Ela reconheceu que uma das principais queixas das manifestações é a corrupção. Dilma destacou ainda que o Poder Executivo assegura liberdade de ação da Polícia Federal e reconhece a autonomia do Ministério Público para que sejam investigadas denúncias de crimes "de qualquer espécie" e prometeu encaminhar ao Congresso o pacote de projetos para endurecer a punição a corruptos.

"A preservação das regras da democracia é o melhor antídotos contra a corrupção", argumentou. "Temos absoluta concordância com a demanda popular de combate à corrupção".

Reforma Política

Em seu discurso, Dilma reiterou que tem convicção de que a conjuntura atual aponta para a necessidade de uma ampla reforma política.

Ela destacou que a população brasileira é protagonista nesse tema, mas que o espaço mais adequado para esse debate é o Congresso Nacional.

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