É a segunda vez em uma semana que uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais, a tropa de elite da Polícia Civil fluminense, em favelas é questionada após o vazamento de vídeos (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2013 às 10h07.
Rio de Janeiro - Um dia depois da divulgação de imagens de policiais civis cariocas em uma controversa ação na Favela do Rola, a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, determinou a instauração de uma sindicância disciplinar para apurar o caso.
A ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, anunciou que cobrará explicações do governo do Rio sobre a ação.
Nas imagens obtidas pelo jornal Extra, policiais que estão em um helicóptero e traficantes escondidos em um bar trocam tiros por seis minutos.
Quando os disparos cessam, o helicóptero desce, e policiais veem três corpos. Apesar de constatar que os bandidos estão mortos e comemorar, os policiais dizem que vão socorrer os feridos.
Próximo dali, policiais encontram um homem morto, desarmado, e carregam o corpo até o bar, por 70 metros. As imagens, de 16 de agosto de 2012, foram gravadas por câmeras instaladas no próprio helicóptero e no capacete de um dos policiais.
É a segunda vez em uma semana que uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da Polícia Civil fluminense, em favelas é questionada após o vazamento de vídeos.
No dia 5, o Fantástico, da TV Globo, exibiu imagens da ação na Favela da Coreia que resultou na morte de Márcio José Sabino Pereira, o Matemático. O vídeo mostra agentes da Core, em um helicóptero, atirando no carro onde Pereira estava, embora pessoas e prédios estivessem na linha de tiro.
Resistência
Na Favela do Rola, a morte dos bandidos foi registrada pela Polícia Civil como auto de resistência (quando policiais matam em confronto).
Agora, Martha Rocha quer saber se a portaria 553/2011 - que proíbe a alteração da cena do crime em caso de autos de resistência - foi desrespeitada. "Ficará a cargo da Corregedoria a manifestação quanto à necessidade do afastamento dos envolvidos de suas funções durante a apuração", diz nota divulgada.
Para a ministra Maria do Rosário, houve violação dos direitos humanos na operação, pois a intenção dos agentes seria matar os suspeitos, não prendê-los.