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Como o desempenho fraco da economia pode afetar as eleições

O recuo do PIB pode esquentar o clima (já não tão ameno) do debate eleitoral e reverter tendência de alta da avaliação do atual governo, dizem especialistas

Montagem Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves (Montagem/EXAME.com)

Talita Abrantes

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 16h13.

São Paulo – Com o encolhimento do PIB nos dois últimos trimestres, o Brasil entra na chamada recessão técnica. O cenário já era dado como certo pelos analistas econômicos, mas, apesar de não ser novidade, os números divulgados pelo IBGE podem esquentar o clima (já não tão ameno) do debate eleitoral daqui para frente.

“O impacto será negativo para o governo, a dimensão é que é difícil de prever”, diz Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores.

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A tendência é que até 5 de outubro, quando acontece o primeiro turno das eleições, o índice se transforme em munição contra Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral.

Ou seja, tanto Marina Silva (PSB) quanto Aécio Neves (PSDB) devem usar os dados para endossar as críticas já tecidas por eles ao governo.

Dilma, provavelmente, já tem na ponta da língua a resposta aos ataques. “Tipicamente, o governo tem transferido a responsabilidade para o cenário internacional ao dizer que as economias que puxavam a brasileira não estão crescendo também”, afirma o professor Clemens Nunes da FGV.

Argumento que, segundo o professor,  pode ser refutado com o cenário econômico de outros países que, mesmo com a crise, tiveram um desempenho melhor que o brasileiro - como os Estados Unidos que tiveram uma alta de 4,2% no PIB entre abril e junho. “Fica mais claro que a origem dos problemas não é necessariamente externa”, diz.

No final de 2008 e início de 2009, quando o país registrou a última recessão técnica, a popularidade do então presidente da República Luis Inácio Lula da Silva teve um baque. Em dezembro, Lula era aprovado por 73% da população. Três meses depois, no ápice da crise econômica, os índices de aprovação do governo caíram nove pontos.

“Mas ele reagiu com um discurso forte assegurando que tomaria medidas para que a crise não fosse tão dramática no país”, conta Ribeiro. Conclusão: em setembro do mesmo ano, segundo pesquisa da CNI/Ibope, 81% dos brasileiros aprovavam a gestão do petista.

O cenário hoje é outro. “A aprovação do atual governo está num patamar bem diferente daquele que Lula tinha em 2008 e 2009”, diz Ribeiro. “O governo Dilma tinha uma ligeira tendência de alta. É possível que a tendência se reverta”.

Segundo pesquisa do Ibope divulgada na última terça, 34% dos brasileiros aprovam o governo da hoje candidata à reeleição. Em julho, o índice de aprovação era de 31%.

Contudo, em um eventual segundo turno contra Marina, Dilma perderia as eleições. De acordo com pesquisa Ibope, a candidata do PSB teria 45% das intenções de voto neste cenário e a petista, 36%.

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