Brasil

Como Lula, Bolsonaro diz que também quer acesso a conversas hackeadas da Lava-Jato

Presidente diz que foi citado nas mensagens, assim como o ex-presidente; segundo ele, “autoridades” teriam comentado sobre como “entrar” na vida financeira dele e de sua família

Bolsonaro: Ele também disse que não conseguiram nada contra ele, e que "não tem nada, pô", mas "ficam em cima de filho, de esposa, parente, amigo" (Alan Santos/PR/Flickr)

Bolsonaro: Ele também disse que não conseguiram nada contra ele, e que "não tem nada, pô", mas "ficam em cima de filho, de esposa, parente, amigo" (Alan Santos/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 18h46.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que também quer ter acesso e divulgar as mensagens trocadas entre integrantes da antiga força-tarefa da Operação Lava-Jato, obtidas por hackers e apreendidas no âmbito da Operação Spoofing.

Em conversa com apoiadores na saída do Palácio do Alvorada, Bolsonaro afirmou que foi citado nas conversas, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu acesso a parte das mensagens com citações a ele.

Agora, Bolsonaro disse que pedirá o mesmo acesso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele comentou, no entanto, “alguma coisa (sic) já passaram para mim”, sem explicar como ou de quem as recebeu.

"Para que não haja dúvida, mandei pedir aquela matéria hackeada que está na mão do PT, na mão do Lula. Tem meu nome lá. Alguma coisa já passaram para mim. Vocês vão cair para trás. Chegando, eu vou divulgar. O Lula não vai divulgar. Já falou que não vai divulgar. Eu vou divulgar", declarou.

O presidente disse ainda que “autoridades” teriam comentado nas mensagens sobre como “entrar” na vida financeira dele e de sua família. Ele também disse querer saber quem “vendia informações” dentro do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf):

"Você vê a perseguição ali, conversas de autoridades falando como é que entravam na minha vida financeira, da minha família. Você pode entrar, mas tem que ter uma ordem judicial. Respeita a lei? Não respeita. Eu quero pegar o cara que vendia informações. Dentro do Coaf, por exemplo. Eu já tenho alguma coisa, que tem chegado para mim, agora vou conseguir...Espero que o Supremo me dê. Deu para Lula."

Ele também disse que não conseguiram nada contra ele, e que "não tem nada, pô", mas "ficam em cima de filho, de esposa, parente, amigo". Sem citar o nome do advogado Frederick Wasseff, que trabalhava para ele e para o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), ele comentou decisão recente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF), que considerou ilegal a origem do documento que registrava movimentações financeiras atípicas de Wassef.

"Aquele advogado que advogava para mim [Wassef] o TRF-1 arquivou o processo dele e mandou a Polícia Federal investigar o Coaf. Eu chego para os caras do Coaf, os caras, não. Quem manda lá em cima (e digo): “Você fez um levantamento do perfil dessas pessoas que estão aqui? Está tudo certo?” Não quero falar muita coisa aqui. Porque algumas pessoas lá dentro fazem a coisa errada. Se não fizessem, o TRF-1 não teria anulado o processo contra aquele advogado", disse Bolsonaro.

Armas

O presidente ainda afirmou que deve publicar hoje "três ou quatro" decretos sobre armas, prometidos há semanas por ele. E contou que um deles vai tirar do Exército o controle sobre o airsoft, esporte que usa armas de pressão com projéteis de plástico maciços.

"O pessoal fala: tem que desarmar o vagabundo. É impossível desarmar esses caras. Agora o pessoal de bem, pra ter uma arma é uma dificuldade. Hoje, é decreto. Eu fiz tudo o que a lei permitia. Por exemplo: até a questão do Airsoft. Era produto controlado, quer dizer, ainda é, produto controlado pelo Exército. A partir de publicação no DO [Diário Oficial] de hoje ou amanhã não vai ser mais. Vocês podem não dar valor a isso, mas tem gente que dá", declarou.

Segundo Bolsonaro, quem quiser poderá levar seu filho em uma casa de treinamento de airsoft, que ele definiu como "uma bolinha que vai explodir uma tinta nele".

"Qual o problema? Eu atirei quando tinha acho que oito, nove anos de idade. Vão falar que estou estimulando a violência. Você vai em certas comunidades do Rio, tá um moleque de 12 anos com um fuzil maior do que ele", comentou.

Redes sociais

Na mesma conversa com apoiadores, reclamou de suposta "censura" do Facebook contra ele, que pela manhã pediu a seguidores na rede social que enviassem fotos de notas fiscais de postos de gasolina. Segundo o presidente, os apoiadores não conseguem publicar as imagens.

"Eu lanço hoje de manhã para o pessoal, quem puder, obviamente, botar 100 reais (de combustível) e mandar a nota para mim. Eu não recebo nenhuma nota. O Facebook bloqueou imagens. O futuro está sombrio para o Brasil. O homem mais poderoso do mundo foi derrubado das mídias sociais lá dos Estados Unidos. Não vou discutir eleição americana. Mas foi bloqueado, foi censurado. Aqui se faz isso agora."

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