Brasil

Comitê já escolheu 6 setores para avaliar adesão ao PPE

As construtoras demitiram 108 mil trabalhadores de janeiro a maio, quase o mesmo número de vagas fechadas em 2014 inteiro


	O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, estima que serão 500 mil demitidos até o fim do ano
 (Divulgação)

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, estima que serão 500 mil demitidos até o fim do ano (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2015 às 08h44.

Brasília e São Paulo - O Ministério do Trabalho informou que o comitê de ministros responsável pelo Plano de Proteção ao Emprego (PPE) dará início à analise dos setores que poderão aderir ao plano pelas indústrias de produção de carne, de componentes eletrônicos, metalurgia, química, açúcar e álcool e automobilística. Outro setor que deve ser contemplado é o da construção.

As construtoras demitiram 108 mil trabalhadores de janeiro a maio, quase o mesmo número de vagas fechadas em 2014 inteiro.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, estima que, se a situação continuar como está, serão 500 mil demitidos até o fim do ano.

O setor sente o efeito da queda da demanda e atrasos nos pagamentos do governo por obras em rodovias e do programa Minha Casa Minha Vida. Os problemas se agravaram com a sangria de recursos da poupança, fonte para promover o financiamento imobiliário.

Criado na terça-feira, 7, o comitê que decidirá os setores que terão acesso ao PPE será coordenado pelo Ministério do Trabalho e contará com os ministros do Planejamento, da Fazenda, do Desenvolvimento e da Secretaria-Geral da Presidência.

A associação ou entidade de classe deverá procurar esse comitê e apresentar dados econômicos (produção, mão de obra, demanda, perspectivas e chance de demissões).

O governo vai analisar e, se aceitar que está em crise, o setor será contemplado. Em seguida, todas as empresas do setor estarão liberadas para propor o PPE aos sindicatos. Estes, então, vão apresentar a proposta aos trabalhadores. Se a categoria aprovar, o acordo será fechado.

As empresas que aderirem ao PPE não poderão demitir os funcionários que tiveram sua jornada reduzida enquanto o plano estiver em vigor. Ao final, também serão proibidos cortes dessas vagas por prazo equivalente a um terço do período de adesão.

Ainda não está claro se o Tesouro terá de ampliar o repasse de recursos ao FAT, que vai custear 15% dos salários dos trabalhadores no PPE. Em 2014, o Tesouro repassou quase R$ 14 bilhões ao FAT.

Neste ano, o conselho do fundo solicitou R$ 19,9 bilhões, mas no Orçamento há apenas R$ 3,5 bilhões previstos.

Desoneração

O diretor da Abimaq (máquinas e equipamentos), Hiroyuki Sato, não vê vantagens no PPE. Para ele, a desoneração na folha de pagamentos pode ter mais resultados na manutenção de vagas.

O setor demitiu 23 mil pessoas nos últimos 12 meses (de um total de 240 mil) e Sato diz que outras 100 mil a 150 mil vagas podem ser fechadas.

Humberto Barbato, presidente da Abinee (indústrias elétricas e eletrônicas), diz que o programa é bem-vindo, mas também concorda que o fim da desoneração da folha "pode agravar a situação das demissões". Em um ano, o setor demitiu 13 mil pessoas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:gestao-de-negociosAutoindústriaDemissõesDesempregoIndústriaEmpregos

Mais de Brasil

INSS: medida amplia tempo de afastamento por auxílio-doença

STF julgará em março deputados do PL por supostos desvios de emendas

Governo estuda baratear financiamento de motos para entregadores, diz Lula

Emissão de CNH física não será mais obrigatória, diz Renan Filho