Comércio prospera em favelas do Rio após chegada das UPPs
A pacificação, aliada ao bom momento da economia, abriu espaço para um grande número de empreendedores nas comunidades
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2013 às 08h57.
Rio de Janeiro - A economia das comunidades do Rio de Janeiro ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), após décadas de domínio de traficantes, desfruta agora de um dinamismo sem precedentes, como confirmam os proprietários de dezenas de novos negócios abertos nessas regiões.
A pacificação, como é conhecida a política que implantou unidades policiais permanentes nas comunidades, aliada ao bom momento da economia, abriu espaço para um grande número de empreendedores, a maioria com mais sonhos do que dinheiro, iniciarem todos os tipo de negócios.
No entanto, esse esforço individual acaba beneficiando a todos, já que, neste caso, o lucro do investidor muitas vezes representa o emprego do vizinho morador.
Esse é o caso do restaurante de Rosimary Napoleão, a Biroska da Bica, situada na favela do Cantagalo, onde trabalham seus quatro filhos e mais outros quatro funcionários que vivem na comunidade.
Em entrevista à Agência Efe, Rosimary disse que o restaurante foi aberto há quatro anos, oferecendo pratos através da janela de sua 'biroska'. Hoje, após a chegada de policiais à região, o pequeno bar de Rosimary abriga o novo lar da família Napoleão, um sobrado de três andares.
Já Márcia Nunes, uma das três mototaxistas que trabalha nas ladeiras da favela da Rocinha, teve que pedir crédito para comprar sua moto e começar a trabalhar.
No entanto, antes de terminar de pagar o que representaria o começo de um novo negócio, foi roubada e se viu obrigada a pagar sua moto duas vezes: ao banco, pelo empréstimo, e ao amigo, que lhe vendeu uma nova.
Mesmo tendo enfrentado inúmeras adversidades, Marcia não se arrependeu de seu investimento, já que, como ela mesma faz questão de ressaltar, é com o dinheiro das corridas na comunidade que ganha dinheiro para manter sua casa e cuidar de sua filha. Detalhe: fica com tudo o que recebe, sem necessidade de pagar pedágio ao tráfico.
Para Daniel Pla, professor de Marketing da Fundação Getulio Vargas (FGV), a ocupação das favelas pelas UPPs gerou oportunidades de negócio para pessoas que antes se viam excluídas.
'Muitos daqueles que antes desciam ao asfalto para trabalhar encontram agora emprego nas próprias ruas da comunidade', explicou o professor.
Mas, em meio a esse momento de euforia, uma dúvida ainda se faz presente: 'A política de pacificação continuará depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016?', pergunta que o professor também deixa no ar.
Diante deste contexto, Jefferson Cardoso da Silva, também morador do Cantagalo, fez uma importante aposta de vida, deixou a faculdade de informática para ensinar surfe na praia do Arpoador.
Mas, até essa aparente simples escolha, motivada pela alta temporada e a chegada de mais turistas - potenciais clientes, como prefere dizer -, também careceu de investimentos, principalmente em aulas de inglês.
Apesar da decolagem econômica, a situação nas favelas não deixa de ser complexa. Neste aspecto, a carência de infraestruturas básicas aparece ao lado de dados estatísticos demolidores - menos de 2% das pessoas que vivem nas comunidades chega ao ensino superior.
Segundo os especialistas, melhorar esse número é um dos grandes desafios do futuro.
Enquanto isso, nas ruas, a atividade não para e o dinheiro começa a chegar de fora. Já não é difícil encontrar franquias de importantes companhias ou investidores que veem na favela uma plataforma perfeita para ampliar seus negócios.
A rede de academias X-ports vai abrir nos próximos dias sua primeira filial na Rocinha. Tony Campos, um dos sócios, não tem dúvidas do êxito de seu novo empreendimento.
A fórmula, segundo ele, é apostar em equipamento de última geração e preços acessíveis para atrair tanto os moradores da Rocinha como dos ricos bairros que a rodeiam, quebrando a velha divisão entre 'favela e asfalto'.
Rio de Janeiro - A economia das comunidades do Rio de Janeiro ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), após décadas de domínio de traficantes, desfruta agora de um dinamismo sem precedentes, como confirmam os proprietários de dezenas de novos negócios abertos nessas regiões.
A pacificação, como é conhecida a política que implantou unidades policiais permanentes nas comunidades, aliada ao bom momento da economia, abriu espaço para um grande número de empreendedores, a maioria com mais sonhos do que dinheiro, iniciarem todos os tipo de negócios.
No entanto, esse esforço individual acaba beneficiando a todos, já que, neste caso, o lucro do investidor muitas vezes representa o emprego do vizinho morador.
Esse é o caso do restaurante de Rosimary Napoleão, a Biroska da Bica, situada na favela do Cantagalo, onde trabalham seus quatro filhos e mais outros quatro funcionários que vivem na comunidade.
Em entrevista à Agência Efe, Rosimary disse que o restaurante foi aberto há quatro anos, oferecendo pratos através da janela de sua 'biroska'. Hoje, após a chegada de policiais à região, o pequeno bar de Rosimary abriga o novo lar da família Napoleão, um sobrado de três andares.
Já Márcia Nunes, uma das três mototaxistas que trabalha nas ladeiras da favela da Rocinha, teve que pedir crédito para comprar sua moto e começar a trabalhar.
No entanto, antes de terminar de pagar o que representaria o começo de um novo negócio, foi roubada e se viu obrigada a pagar sua moto duas vezes: ao banco, pelo empréstimo, e ao amigo, que lhe vendeu uma nova.
Mesmo tendo enfrentado inúmeras adversidades, Marcia não se arrependeu de seu investimento, já que, como ela mesma faz questão de ressaltar, é com o dinheiro das corridas na comunidade que ganha dinheiro para manter sua casa e cuidar de sua filha. Detalhe: fica com tudo o que recebe, sem necessidade de pagar pedágio ao tráfico.
Para Daniel Pla, professor de Marketing da Fundação Getulio Vargas (FGV), a ocupação das favelas pelas UPPs gerou oportunidades de negócio para pessoas que antes se viam excluídas.
'Muitos daqueles que antes desciam ao asfalto para trabalhar encontram agora emprego nas próprias ruas da comunidade', explicou o professor.
Mas, em meio a esse momento de euforia, uma dúvida ainda se faz presente: 'A política de pacificação continuará depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016?', pergunta que o professor também deixa no ar.
Diante deste contexto, Jefferson Cardoso da Silva, também morador do Cantagalo, fez uma importante aposta de vida, deixou a faculdade de informática para ensinar surfe na praia do Arpoador.
Mas, até essa aparente simples escolha, motivada pela alta temporada e a chegada de mais turistas - potenciais clientes, como prefere dizer -, também careceu de investimentos, principalmente em aulas de inglês.
Apesar da decolagem econômica, a situação nas favelas não deixa de ser complexa. Neste aspecto, a carência de infraestruturas básicas aparece ao lado de dados estatísticos demolidores - menos de 2% das pessoas que vivem nas comunidades chega ao ensino superior.
Segundo os especialistas, melhorar esse número é um dos grandes desafios do futuro.
Enquanto isso, nas ruas, a atividade não para e o dinheiro começa a chegar de fora. Já não é difícil encontrar franquias de importantes companhias ou investidores que veem na favela uma plataforma perfeita para ampliar seus negócios.
A rede de academias X-ports vai abrir nos próximos dias sua primeira filial na Rocinha. Tony Campos, um dos sócios, não tem dúvidas do êxito de seu novo empreendimento.
A fórmula, segundo ele, é apostar em equipamento de última geração e preços acessíveis para atrair tanto os moradores da Rocinha como dos ricos bairros que a rodeiam, quebrando a velha divisão entre 'favela e asfalto'.