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Combate ao racismo é tema da nova redação do Enem

Na primeira aplicação da prova, o tema da redação tinha sido "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil"

Combate ao racismo: estudantes que prestaram provas em escolas ocupadas fizeram a redação neste domingo (Getty Images)

Combate ao racismo: estudantes que prestaram provas em escolas ocupadas fizeram a redação neste domingo (Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 10h15.

São Paulo - Na segunda aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016, o tema da Redação foi "Caminhos para combater o racismo no Brasil". Neste domingo, os candidatos também fizeram as provas de matemática e linguagens, com 45 questões de múltipla escolha cada.

A primeira aplicação ocorreu em 5 e 6 de novembro em todo o País. Neste final de semana, fizeram o Enem cerca de 280 mil participantes cujas provas foram adiadas porque os locais do exame estavam ocupados por manifestantes contrários à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto de Gastos e à reforma no ensino médio, ambas encaminhadas pelo governo Michel Temer. Problemas de infraestrutura, como falta de luz, também adiaram as provas.

Na primeira aplicação da prova, o tema da Redação foi "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil".

Para professores de cursinho, o tema da Redação deste domingo teve grau de dificuldade similar ao do exame de novembro. Apesar de o assunto ser parte do cotidiano dos candidatos, eles afirmam que isso não necessariamente facilita a escrita.

João Filho, professor de Redação do Sistema Ari de Sá, disse que a equivalência das redações foi mantida. "De um lado, a questão racial tem um espectro mais amplo para o debate e o aluno, um repertório menor para debater a questão religiosa. Por outro lado, o problema pode estar exatamente no fato de o candidatos ter uma bagagem grande sobre o tema racial e se perder. Por isso, considero que o grau de dificuldade foi equilibrado nas duas propostas."

Péricles Polegatto, professor do COC, afirmou que, como o tema está muito presente na vida do estudante, a redação exigia boa capacidade de argumentação. "Não adianta só o aluno apresentar o problema, mas discutir soluções e propor formas de combate à discriminação."

Já para a professora Maria Aparecida Custódio, do cursinho Objetivo, a redação de ontem foi mais fácil pela proximidade dos alunos com o tema. "É um assunto que discutimos há séculos no Brasil, tem a ver com a nossa história. Já a questão religiosa é uma discussão muito mais recente. Mas, para o formato exigido pelo Enem, saber mais sobre o assunto não necessariamente garante que vá fazer uma boa redação."

Walesca Geamenond, de 18 anos, que fez a prova em Belo Horizonte, disse ter achado fácil o tema da redação. "As provas hoje (domingo) foram cansativas, mas não por causa da redação. Pesada estava a prova de matemática", disse a aluna, que quer uma vaga em Direito.

Taxa de abstenção

A segunda aplicação do Enem 2016 registrou abstenção de 39,7% anteontem e 41,4% ontem. Considerando também a primeira edição, a taxa ficou em 30,4%, a maior desde 2009 - no ano passado, o índice foi de 27,6%.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse que as abstenções nas duas aplicações representam um prejuízo de R$ 235 milhões aos cofres públicos.

"É um dinheiro que simplesmente não foi aproveitado. Fazemos uma operação de guerra para realizar o Enem, e mais de 2 milhões não comparecem. Em algumas situações, os inscritos nem sequer consultam o cartão de inscrição", disse.

A alta taxa de abstenção deve ser uma das questões abordadas durante consulta pública para aperfeiçoar o Enem, prevista para ocorrer em janeiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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