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Com preventiva decretada, dono do Grupo Petrópolis é considerado foragido

Operação "Rock City", braço da Lava Jato, revela que R$ 329 milhões, entre 2006 e 2014, foram lavados pelo comando de Walter Faria no interesse da Odebrecht

Walter Faria: empresário é suspeito de liderar esquema (Grupo Petrópolis/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de julho de 2019 às 21h41.

O empresário Walter Faria está foragido. Com a prisão preventiva decretada pela juíza Gabriela Hardt, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, o empresário dono do Grupo Petrópolis, apontado como "grande operador de propina" do esquema Odebrecht instalado na Petrobras , conseguiu escapar ao cerco da Polícia Federal.

Os agentes foram à sua residência, na cidade de Boituva, interior de São Paulo, logo cedo nesta quarta-feira, 31, mas ele não estava mais. Oficialmente, ele é dado como foragido da Lava Jato.

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A prisão de Walter Faria foi decretada no âmbito da Operação "Rock City", fase 62 da Lava Jato, que investiga rede de propinas da Odebrecht por meio de doações eleitorais do Grupo Petrópolis.

A investigação revela que R$ 329 milhões, entre 2006 e 2014, foram lavados pela Petrópolis no interesse da Odebrecht.

Walter Faria, controlador do grupo, usou ainda conta na Suíça para intermediar o repasse de mais de US$ 3 milhões de propina relacionadas aos contratos dos navios-sonda Petrobrás 10.000 e Vitória 10.000.

Segundo a investigação, por meio das empresas Praiamar e Leyroz Caxias, o Grupo Petrópolis foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014, "pagamentos de propina travestida de doações eleitorais, no montante de R$ 121.581.164,36".

A força-tarefa da Lava Jato revela que Walter Faria, em conjunto com outros cinco executivos do Grupo Petrópolis, "atuou em larga escala na lavagem de centenas de milhões de reais em contas fora do Brasil e desempenhou substancial papel como grande operador de propina".

"Conforme apontam as provas colhidas na investigação, Walter Faria, em troca de dólares recebidos no exterior e de investimentos realizados em suas empresas, atuou para gerar recursos em espécie para a entrega a agentes corrompidos no Brasil e entregar propina travestida de doação eleitoral no interesse da Odebrecht e transferir, no exterior, valores ilícitos recebidos em suas contas para agentes públicos beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras", afirmam os investigadores.

Cooperação ilícita com a Odebrecht

O Setor de Operações Estruturadas, criado pela Odebrecht para o repasse de propinas para agentes públicos e políticos, principalmente no "esquema criminoso que vitimou a Petrobras", costumava utilizar três camadas de contas no exterior em nome de diferentes offshores.

Em conta mantida no Antigua Overseas Bank, em Antigua e Barbuda, no nome da offshore Legacy International Inc., Faria recebeu US$ 88.420.065,00 da Odebrecht de março de 2007 a outubro de 2009. Já entre agosto de 2011 e outubro de 2014, duas contas mantidas pelo executivo no EFG Bank na Suíça, em nome das offshores Sur trade Corporation S/A, e Somert S/A Montevideo, receberam da Odebrecht, respectivamente, US$ 433.527,00, e US$ 18.094.153,00.

Além de transferir, sem causa econômica aparente, valores no exterior para contas controladas pelo grupo Petropolis, a Odebrecht, para creditar montantes que seriam depois disponibilizados para pagamentos ilícitos, realizou operações subfaturadas com o grupo cervejeiro, como a ampliação de fábricas, a compra e venda de ações da empresa Electra Power Geração de Energia S/A, aportes de recursos para investimento em pedreira e contratos de compra, venda e aluguel de equipamentos.

Paralelamente, constatou-se que o Grupo Petrópolis disponibilizou pelo menos R$ 208 milhões em espécie à Odebrecht no Brasil, de junho de 2007 a fevereiro de 2011.

Além disso, o grupo comandado por Faria, por meio das empresas Praiamar e Leyroz Caxias, foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014, pagamentos de propina travestida de doações eleitorais, no montante de R$ 121.581.164,36.

O caso dos navios-sonda da Petrobras

Ao lado desses ilícitos envolvendo a Odebrecht, contas bancárias no exterior controladas por Faria foram utilizadas para o pagamento de propina no caso dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000. Entre setembro de 2006 a novembro de 2007, Júlio Gerin de Almeida Camargo e Jorge Antônio da Silva Luz, operadores encarregados de intermediar valores de propina a mando de funcionários públicos e agentes políticos, creditaram US$ 3.433.103,00 em favor das contas bancárias titularizadas pelas offshores Headliner LTD. e Galpert Company S/A, cujo responsável era o controlador do grupo Petrópolis.

Defesa

Em nota, o Grupo Petrópolis afirmou: "O Grupo Petrópolis informa que seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes. Informa também que sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos".

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