Brasil

Com estagnação de Haddad, PT mira cinturão metropolitano

Com estagnação de Haddad, PT mira cinturão metropolitano

Fernando Haddad, no primeiro debate de campanha, entre candidatos a prefeito de São Paulo, na Band (Divulgação/Facebook)

Fernando Haddad, no primeiro debate de campanha, entre candidatos a prefeito de São Paulo, na Band (Divulgação/Facebook)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2012 às 16h21.

São Paulo - A dois meses do primeiro turno das eleições, o escolhido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tirar a prefeitura de São Paulo da área de influência do PSDB, Fernando Haddad (PT), segue estagnado na casa de um dígito nas pesquisas eleitorais. Diante da dificuldade em fazer a candidatura do afilhado de Lula deslanchar, o PT paulista já enxerga nas cidades do chamado cinturão metropolitano de São Paulo uma forma de tentar equilibrar as forças políticas no estado.

A principal arma do partido para as eleições na Grande São Paulo é a relação com o governo federal. Levantamento feito nas 38 cidades que estão no entorno da capital mostra que as que mais receberam recursos do governo Dilma Rousseff nos dois meses que antecederam o início da campanha eleitoral são governadas pelo PT. Neste período, foram transferidos, por meio de convênios, 42,1 milhões de reais para os prefeitos petistas. O valor é mais do que o dobro do que recebeu o segundo no ranking, o PSB, também aliado no plano federal.

São Bernardo do Campo, berço político do ex-presidente Lula, está no topo da lista. Do início de maio até 7 de julho - último dia permitido pela Justiça Eleitoral para a transferência de recursos da União aos estados e municípios - a cidade recebeu 30,2 milhões de reais, o equivalente a 52 reais por eleitor.

No dia 6 de julho, na véspera de a Justiça Eleitoral proibir a participação de candidatos em inauguração em obras, o prefeito Luiz Marinho (PT), amigo de longa data de Lula, montou um palanque em São Bernardo para receber a presidente Dilma Rousseff. Ela desembarcou em solo paulistano exclusivamente para inaugurar, com a presença do ex-presidente Lula, uma Unidade de Pronto Atendimento de Saúde (UPA) na cidade. Neste dia, o governo liberou 18,3 milhões de reais para a unidade de atendimento que funciona 24 horas e atende casos de média complexidade.

“Quem chega primeiro, bebe água limpa”, diz Marinho. Segundo ele, os recursos só chegam para a cidade porque sua equipe técnica apresenta “projetos compatíveis” com as exigências do governo federal. “Temos uma situação antes e depois do governo Lula. Até a nossa chegada, a cidade ficou seis anos boicotando as ações do governo federal”.

Cinturão - Além manter o controle suas 11 atuais prefeituras - de um total de 39 -, o PT trabalha para expandir seu domínio. A legenda tem candidatos em 29 das 39 cidades da região. “O objetivo do PT na região metropolitana é sair maior do que entrou”, diz o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. Na mira petista estão principalmente cidades como Santo André - que o partido já governou por quatro anos - Franco da Rocha, Mogi das Cruzes e a pequena Rio Grande da Serra.

A região metropolitana é o maior pólo de riqueza nacional, com um Produto Interno Bruto (PIB) de 572,2 bilhões de reais (57% do total do estado e 18,9% do país). Ela abriga 19,7 milhões de habitantes, a metade da população do estado. Os 11 municípios administrados pela legenda concentram 3,4 milhões de eleitores.


“Algumas das cidades da região metropolitana são prioridade para o PT nacional pela importância política, pela dimensão, pela base econômica. Elas estão na agenda das nossas principais lideranças”, diz o presidente estadual do partido em São Paulo, deputado Edinho Silva. “Conquistar mais espaço na região metropolitana de São Paulo é um passo importante, que nos dará condições de melhorar a nossa performance e nos ajudará a alavancar a campanha de 2014 para a reeleição da presidente Dilma e para a disputa do governo do estado”, afirma o deputado Paulo Teixeira (PT).

Lula - Ainda convalescente por causa do tratamento contra um câncer na laringe, Lula foi orientado por seus médicos a evitar viagens longas. Com isso, o ex-presidente, que mora em São Bernardo do Campo, tem concentrado sua presença nas campanhas das cidades da região metropolitana. Os candidatos de Santo André e Osasco, Carlos Grana e João Paulo Cunha, por exemplo, foram um dos primeiros a ser fotografados ao lado de Lula para o material de suas campanhas.

“Recuperar Santo André é muito importante para nós”, diz um petista. O partido pretende gastar 15 milhões de reais na camapanha de Grana.

O otimismo na cidade do ABC paulista não se repete em Osasco, cidade que o partido comanda há oito anos. Réu no processo do mensalão, o deputado João Paulo Cunha enfrentou resistências no partido para disputar o pleito deste ano. “Não há como negar que estamos preocupados e que existe um clima de tensão no ar porque o resultado do julgamento interfere diretamente na eleição de Osasco”, afirma um petista influente.

Segundo a acusação, ele recebeu recursos do mensalão e desviou verbas de contratos que a Câmara dos Deputados mantinha com a SMP&B, empresa do publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. Se condenado, poderá continuar concorrendo, mas caso eleito, corre o risco de ser impedido de tomar posse.

Mesmo assim, ele é candidato de uma coligação com vinte partidos e, segundo as contas petistas, 300 dos 370 candidatos a vereadores na cidade apoiam sua candidatura. À Justiça Eleitoral, João Paulo Cunha declarou 375.648,39 reais em bens e que pretende gastar 9 milhões de reais em sua campanha pela prefeitura.

PSDB – Desde que assumiu o comando do governo do estado, em 2010, o governador Geraldo Alckmin orquestra uma ofensiva do PSDB nas regiões metropolitanas na tentativa de desarticular o “cinturão petista” no entorno da capital paulista. “Estamos nos qualificando nas cidades onde somos oposição ao PT. Apostamos que, neste ano, o PT diminui e a gente cresce”, diz Cesar Gontijo, secretário-Geral do Diretório Estadual do PSDB de São Paulo.


O PSDB aposta ter chances reais em cidades que também estão na mira do PT, como Guarulhos e Osasco. “Estamos atento a esses movimentos”, diz o presidente petista em São Paulo, Edinho Silva.

Planejamento - De acordo com o Ministério do Planejamento, os projetos passam por análise técnica e os municípios precisam comprovar que estão aptos a receber os recursosdo governo.

Segundo o Planejamento, os dados do Sistema de Convênios do Governo Federal (SICONV) mostram que os repasses do governo federal aos municípios da região metropolitana “seguem uma média proporcional aos seus PIBs e populações”. “O PT administra 11 municípios da região, mais do que todos os demais partidos e entre as quais estão os maiores em PIB e população da região”, diz o ministério em nota.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasEleiçõesEleições 2012Estado de São PauloFernando HaddadMetrópoles globaisPartidos políticosPolíticaPolítica no BrasilPolíticos brasileirosPrefeitosPrefeiturasPT – Partido dos Trabalhadoressao-paulo

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022