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Com eleições à vista, PSDB filia 50 prefeitos em São Paulo

Há praticamente 26 anos no poder em São Paulo, a sigla chefia hoje 220 das 645 prefeituras do estado

João Doria: investida tucana reforça o projeto eleitoral de Doria, potencial candidato do partido à Presidência em 2022 (Valter Campanato/Agência Brasil)

João Doria: investida tucana reforça o projeto eleitoral de Doria, potencial candidato do partido à Presidência em 2022 (Valter Campanato/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de abril de 2020 às 07h37.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 07h39.

O PSDB do governador João Doria ampliou sua base política em São Paulo e atraiu 50 novos prefeitos do Estado até o limite do prazo de transferência partidária, que se encerrou no último dia 4.

A investida tucana reforça o projeto eleitoral de Doria, potencial candidato do partido à Presidência em 2022. Em 2016, o PSDB, que comandava o Palácio dos Bandeirantes com Geraldo Alckmin, contabilizou a filiação de 20 novos prefeitos.

Há praticamente 26 anos no poder em São Paulo, a sigla chefia hoje 220 das 645 prefeituras do Estado. Deste montante de prefeitos tucanos, 115 tentarão a reeleição no Executivo municipal, segundo levantamento feito pela legenda e ao qual a reportagem teve acesso. O presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, é também secretário de Desenvolvimento Regional e despacha com prefeitos no Palácio dos Bandeirantes.

Entre os chefes do Executivo municipal que entraram no PSDB estão prefeitos de grandes colégios eleitorais, como o ambientalista Clodoaldo Gazeta, (ex-PSD) de Bauru (com 374.272 habitantes), o promotor Nelson Bugalho (ex-PTB) de Presidente Prudente (227.072 habitantes) e Marcos Neves (ex-PV) de Carapicuíba (369.908 habitantes). Segundo Vinholi, o PSDB vai lançar 500 candidatos a prefeito no Estado e 1.300 a vereador.

O PSDB também buscou quadros no movimento de renovação política RenovaBR e vai lançar 20 candidatos ligados ao grupo. Em cidades governadas por outros partidos a estratégia é investir em nomes considerados de fora da política. Máquina.

Esse crescimento do PSDB paulista - fora do período eleitoral, por meio de novas filiações de prefeitos efetuadas depois que Doria assumiu o governo - irritou vários dirigentes regionais de partidos. O que mais deixou clara sua insatisfação com o assunto foi o deputado estadual Campos Machado, secretário-geral da Executiva Nacional do PTB.

Ele entrou em fevereiro com uma representação no Ministério Público em São Paulo contra Doria e contra o presidente estadual do PSDB e secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Marco Vinholi, acusando-os de pressionar prefeitos a migrarem à sua sigla em troca de liberação de verba.

Campos Machado incluiu na representação uma gravação do prefeito de Chavantes (SP), Márcio de Jesus Rego, à época filiado ao MDB, em que ele supostamente admite à sua secretária que a filiação ao PSDB valeria R$ 2 milhões em obras de recapeamento de vias e duplicação da rodovia na região.

À reportagem, o tucano negou que a máquina tenha sido usada para formar esse exército no prefeitos. "O PSDB, que já era o partido mais estruturado, se renovou e sob a liderança de João Doria atingiu um patamar histórico. Esses prefeitos estão seguindo o Doria, que é um líder nacional, e não a máquina", disse Vinholi. O Palácio dos Bandeirantes também rebateu a acusação do parlamentar.

"O Palácio dos Bandeirantes lamenta a manifestação do deputado Campos Machado. E informa que o governo está preocupado e focado com a crise do Coronavírus e não com eleição. O Palácio recomenda que o deputado Campos Machado também priorize o seu tempo e mandato para ajudar nesta crise. E deixar eleição para depois."

Recém-filiado ao PSDB, o prefeito de Bauru, Clodoaldo Gazetta, está entre os tucanos que disputarão a reeleição em outubro (se o pleito não for adiado). "Meu namoro com o PSDB vem de longa data", afirmou. Seu partido até a março era o PSD, liderado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, que é aliado de Doria.

"Não vejo nada de imoral nesse contexto (o prefeito vislumbra o apoio do governo para ir para o PSDB). O governador para disputar a reeleição. Não é porque o governo manda recursos que o prefeito muda de legenda", disse Gazetta.

Em seu mandato, Bauru recebeu R$ 7 milhões do governo estadual para recapear avenidas. O projeto custou R$ 14 milhões e a prefeitura pagou metade da obra. Segundo o prefeito, outra obra, do Mercado Municipal, recebeu R$ 2 milhões do governo.

Para o deputado estadual Emídio Souza (PT), que faz oposição a Doria na Assembleia Legislativa, o "uso da máquina" é uma herança que o PSDB recebeu do MDB em São Paulo. "O instrumento são pequenas obras e muito asfalto."

Líder do PSDB na Assembleia, a deputada Carla Morando responde que os novos prefeitos vieram para o partido por meio de parlamentares e líderes locais da sigla. "Os partidos reclamam porque perderam espaço. Não tem fundamento falar em uso da máquina. Doria faz um governo municipalista. Ele investe nas cidades e conhece as deputados tucanos.

Mário Covas foi o primeiro tucano a governar São Paulo e comandou o Palácio dos Bandeirantes de 1995 a 2001 - quando morreu vítima de um câncer e seu vice Geraldo Alckmin assumiu o posto. Ele foi reeleito. Em 2006 foi José Serra quem venceu a eleição no Estado, dando lugar novamente a Alckmin em 2010 e 2014.

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