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Com Dilma, Argentina não vê mudanças na relação com o Brasil

Para o governo argentino, o Brasil é não só o principal parceiro comercial, mas também aliado político na região


	Dilma e Cristina Kirchner: governo argentino não espera mudança na relação com o Brasil
 (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

Dilma e Cristina Kirchner: governo argentino não espera mudança na relação com o Brasil (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2014 às 16h17.

Buenos Aires - Com a reeleição de Dilma Rousseff no último domingo, a Argentina não espera mudanças significativas na relação bilateral entre os dois países, já que ambos estarão mais preocupados com suas complicadas agendas domésticas.

Dilma, no poder desde 2011, venceu o segundo turno das eleições presidenciais com 51,64% dos votos contra o candidato do PSDB, Aécio Neves, que obteve 48,36%. A estreita vantagem obrigará que a presidente reeleita se concentre nos assuntos internos.

Para a Argentina, o Brasil é não só o principal parceiro comercial, mas também aliado político na região.

Ambos são as duas maiores economias do Mercosul, bloco também integrado por Uruguai, Paraguai e Venezuela, hoje com problemas de estagnação e que muitas vezes precisou do "empurrão diplomático" de Brasília e Buenos Aires para poder concretizar avanços.

Mal conhecido o resultado das eleições, Dilma e Cristina Kirchner, presidente da Argentina desde 2007, conversaram e combinaram de se reunir na próxima cúpula do G20, na Austrália, em novembro.

"Cristina teve uma relação mais bem cordial com Dilma, ainda que com alguns momentos de tensão, mas a reeleição não vai ter muito impacto político na Argentina, porque, além disso, é o último ano de gestão Kirchner", disse à Agência Efe Patrício Giusto, da empresa de consultoria Diagnóstico Político.

Segundo o analista, é provável que Dilma tente nos próximos meses entrar em contato com os possíveis sucessores da presidente argentina, cujo mandato termina em dezembro de 2015.

"Entre os principais possíveis candidatos a presidente, o tema regional não está presente na agenda", apontou Giusto.

Segundo o analista, se Aécio tivesse vencido, haveria sim impacto político e econômico na Argentina já que muitos empresários do país apostavam na vitória do opositor.

Apressada por recuperar o crescimento da economia brasileira, Dilma terá que implementar mudanças para restabelecer a confiança no país e os investimentos. O ajuste de contas se traduzirá em menos compras na Argentina, que tem o Brasil como o primeiro destino de exportação.

"Dilma deverá dar sinais econômicos de maneira imediata, renovando seu gabinete sobretudo nas áreas econômicas e iniciando de maneira imediata um plano de reforma em matéria de infraestrutura", afirmou Dante Sica, ex-secretário de Indústria e Mineração da Argentina e diretor da empresa de consultoria Abeceb.

Quanto à relação com a Argentina, segundo Sica, "o mais provável é que as discussões bilaterais sejam adiadas até a chegada do novo governo argentino, dado fundamentalmente que a administração local seguirá com sua política de administrar os desequilíbrios internos como a restrição de divisas e bloqueios às importações".

"É possível, frente a exigência crescente da indústria brasileira, que ocorra um maior endurecimento das relações bilaterais com a Argentina, embora uma mudança drástica neste sentido não seja esperada", afirmou o analista.

De acordo com Giusto, em seu segundo mandato, Dilma vai estar concentrada na agenda interna, em um país muito polarizado.

"Acho que, mais que nunca, ela vai recuar para garantir a governabilidade no Brasil, algo que não estava ameaçada no país há algum tempo", considerou.

Para o analista, esse pode ser o grande fator de dificuldade do sucessor de Cristina, qualquer seja o partido político vitorioso nas eleições presidenciais, para garantir e melhorar os vínculos com Brasília.

"E a Argentina também vai ter mais foco na frente interna. O presidente que assumir em dezembro de 2015 vai a festejar no primeiro dia, mas no seguinte terá que resolver problemas muito duros, em particular no plano econômico", apontou o analista.

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