CNI: valorização do câmbio é principal dificuldade na concorrência com a China
Para Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da CNI, a competitividade da indústria brasileira avançou pouco
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2011 às 19h43.
Brasília - A concorrência com produtos chineses no mercado doméstico afeta uma em cada quatro empresas industriais brasileiras. A avaliação é de uma sondagem inédita sobre a concorrência com a China, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa aponta que 67% das empresas exportadoras brasileiras que concorrem com chinesas perdem clientes.
Para Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da CNI, o principal fator para a perda de competitividade do produto brasileiro tem sido a valorização do real. “O processo de valorização do câmbio faz com que o produto importado fique mais barato”, afirmou Castelo Branco.
Segundo Castelo Branco, a maior competitividade do produto chinês em relação ao brasileiro se dá por conta de um conjunto de fatores. “ O custo da mão-de-obra é mais barato na China - os salários e os encargos são menores -, mas não é apenas esse tipo de custo. O custo de capital é mais favorável nos países asiáticos, as taxas de juros são menores, as exportadoras têm menos barreiras burocráticas pra alcançar os mercados internacionais”, enumera o gerente-executivo.
Como solução, a CNI propõe uma agenda de competitividade de longo prazo, “mas como essa agenda pouco andou nos últimos anos, a condição de competitividade avançou pouco, ou se houve avanço, foi menor que dos outros países”, pondera Castelo Branco. “Além disso, tivemos uma valorização do câmbio”, reitera.
A nova pesquisa da CNI avalia o “momento” da indústria Brasileira. Houve um levantamento semelhante em 2006, mas, que não é comparável em todos os itens com o atual. Entre as possíveis comparações, a nova sondagem mostra o aumento da penetração de produtos chineses no mercado brasileiro. Em 2006, o percentual de empresas que importavam matérias-primas, produtos finais e equipamentos era 11%, 6% e 5%, respectivamente. Agora, 21% das empresas pesquisadas importam matérias-primas, 9%, produtos finais e 8%, máquinas e equipamentos.
A pesquisa também mostrou que 10% das empresas brasileiras de grande porte já produzem com fábrica própria na China. De acordo com a CNI, é uma tendência mundial empresas que operam em escala global terem fábricas na China. Para Castelo Branco, é necessário fazer com que a economia seja tão ou mais atrativa que a China, “para que as indústrias brasileiras não partam para lá e as internacionais se instalem no Brasil”, conclui.