(Ricardo Morais/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de maio de 2018 às 13h52.
Última atualização em 25 de maio de 2018 às 13h54.
Brasília - Pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes articula uma coligação inédita de 24 partidos no Ceará, seu reduto eleitoral, em torno da reeleição do governador Camilo Santana (PT), afilhado político do pedetista. A costura tem a ajuda do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), seu antigo desafeto político. O Ceará tem o oitavo maior colégio eleitoral do País, com 6,2 milhões de eleitores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Eunício foi responsável por trazer para o grupo de Ciro partidos como o MDB, PR, PRB e, mais recentemente, o Solidariedade. Até então opositores ferrenhos, os dois fizeram pacto de não agressão e devem estar no mesmo lado na campanha deste ano. O senador tentará a reeleição na chapa de Santana e já indicou apoio ao pedetista na disputa nacional.
"(O ex-presidente) Lula foi a força de que nós precisávamos. Nós temos agora, bem pertinho, mais na frente, a oportunidade de dizer ao Brasil que o Nordeste tem condições de avançar muito mais pelas mãos de um outro nordestino", disse Eunício, sábado passado, em Sobral, reduto político de Ciro.
O pedetista também ganhou a ajuda do DEM, partido que tem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), como pré-candidato ao Palácio do Planalto. Presidente estadual da legenda, o empresário Chiquinho Feitosa intermediou reaproximação entre o grupo do pedetista e o PSD, que estavam rompidos oficialmente desde 2017.
"É uma reaproximação buscando ter uma relação como tínhamos no passado", afirmou ao Estadão/Broadcast o líder do PSD na Câmara, Domingos Neto, que preside o partido no Ceará. Neto é casado com a sobrinha de Chiquinho, que é cunhado do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
Com essa articulação, o grupo de Ciro garantiu à candidatura de Santana apoio de partidos das mais diversas tendências políticas, superando a coligação com 18 legendas que apoiaram o petista na disputa de 2014. Entre os integrantes da aliança estão, por exemplo, siglas de esquerda, como PT, PDT, PCdoB e PSB, e outras do centro e que apoiaram o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), entre elas, DEM, PP, PR, PSD, PV, PSC e PTB. Segundo o ex-governador Cid Gomes (PDT), irmão e coordenador da campanha de Ciro, a meta é usar essa coligação para garantir votos de ao menos 50% dos eleitores cearenses.
Palanques
A estratégia de reunir um grande número de partidos na mesma coligação reduziu a formação de palanques para outros presidenciáveis no Ceará. Um dos únicos a desafiar a reeleição de Santana será o PSDB, do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
Os tucanos lançaram nesta semana como pré-candidato a governador o general do Exército Guilherme Theófilo. Porém, ele só tem até agora o apoio de uma sigla: o PROS. "Na minha vida política desde 1986, nunca estive tão só. Isso é inédito na história do Ceará e em outros Estados do Brasil. Não existe isso. Me senti tão só", desabafou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O PSOL também terá um palanque para Guilherme Boulos, seu pré-candidato à Presidência. No Estado, a sigla deve lançar o bancário Ailton Lopes como candidato a governador. Fora PSDB e PSOL, outros presidenciáveis como Maia e o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) não devem ter apoio de candidatos ao governo no Ceará.
Até mesmo o PT, partido do governador, também deve ficar sem palanque no Ceará. Santana já comunicou ao partido que fará campanha para Ciro. "O único nome que o PT teria para construir uma candidatura viável é o nome do Lula. Não sendo Lula, defendo que o nome seja o do Ciro e que o PT indique o vice já no primeiro turno", disse o governador.