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Cientista político avalia rompimento de Cunha com o governo

Segundo Antônio Testa, presidente da Câmara é o terceiro na linha de sucessão presidencial e, por isso, exerce uma influência muito grande


	"É a primeira vez que vejo um presidente da Câmara tão independente", disse especialista sobre Eduardo Cunha
 (Antonio Cruz/ Agência Brasil)

"É a primeira vez que vejo um presidente da Câmara tão independente", disse especialista sobre Eduardo Cunha (Antonio Cruz/ Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2015 às 16h39.

Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já havia ameaçado romper com o governo da presidente Dilma Rousseff se não fosse preservado na Operação Lava Jato, de acordo com avaliação feita hoje (17) pelo cientista político Antônio Flávio Testa.

“Com o recrudescimento da crise e das dificuldades de relacionamento entre PMDB e PT, ele fez o anúncio de rompimento formal”, afirmou.

Segundo Antônio Testa, Cunha é o terceiro na linha de sucessão presidencial e, por isso, exerce uma influência muito grande.

"É a primeira vez que vejo um presidente da Câmara tão independente. Ele coloca em discussão projetos que não são de interesse do Executivo”, explicou.

Para o cientista, ele pode, inclusive, colocar em discussão o processo de impeachment da presidente Dilma.

Testa esclareceu que a situação do governo e do presidente da Câmara não é das melhores. "As denúncias envolvendo o nome dele na Operação Lava Jato são muito negativas, porque, dentro do próprio PMDB, não há um consenso sobre sua atuação."

Na análise, Antônio Testa adiantou que agosto será um mês de crise na política e que questões das mais variadas podem vir à tona.

"A Operação Lava Jato, dependendo do que for investigado e descoberto, pode trazer consequências nefastas para a política brasileira”, destacou.

Eduardo Cunha anunciou o rompimento com o governo a poucas horas de fazer um pronunciamento em cadeia nacional de TV, previsto para as 20h30 de hoje.

O anúncio ocorreu um dia após ele ter sido citado pelo empresário Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato. Segundo depoimento, Cunha teria pedido R$ 5 milhões em propina.

Depois da decisão, o presidente da Câmara disse que, como político, tentará no Congresso do PMDB, em setembro, convencer a legenda a seguir o mesmo caminho.

Cunha informou que, apesar da posição, manterá a condução da Câmara dos Deputados "com independência".

Em depoimento ontem (16) ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, Júlio Camargo afirmou que o deputado recebeu US$ 5 milhões em propina para viabilizar um contrato de navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal.

Hoje cedo, Cunha reafirmou que há uma tentativa por parte do governo de fragilizá-lo. "Está muito claro para mim que esta operação [Lava Jato] é uma orquestração do governo."

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