O Brasil enfrenta uma das maiores secas de sua história recente, somada a uma onda de calor que tem elevado as temperaturas e reduzido a umidade do ar a níveis críticos. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), pelo menos 244 cidades brasileiras registraram, na última terça-feira, 3, umidade relativa do ar igual ou inferior à observada no deserto do Saara, conhecido por seus níveis extremamente baixos de umidade. A reportagem é do G1.
Em algumas regiões, como o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as temperaturas ultrapassaram os 40°C, enquanto no interior de São Paulo e Minas Gerais, o termômetro chegou a 39°C. Especialistas alertam para o risco de o Brasil figurar entre os países mais quentes do mundo nesta semana, devido à combinação de calor intenso e a prolongada ausência de chuvas.
Cidades enfrentam níveis de umidade piores que o Saara
No deserto do Saara, localizado no norte da África, a umidade relativa do ar varia entre 14% e 20%. No Brasil, várias cidades apresentaram índices ainda mais baixos, agravando a situação de quem já enfrenta o calor extremo. No estado de São Paulo, por exemplo, cidades como Barretos, Marília e Tupã registraram uma umidade de apenas 7%, um cenário desértico que afeta diretamente a saúde da população.
Além disso, dez cidades brasileiras, incluindo regiões de Minas Gerais e Goiás, se aproximaram dos índices do deserto do Atacama, no Chile, considerado o mais seco do mundo, onde a umidade pode chegar a 5%. Nesses municípios, o índice de umidade caiu para alarmantes 7%.
Crise climática
A atual crise de umidade no Brasil tem como principal fator a estação seca, comum nesta época do ano, que se estende até outubro. No entanto, três fatores principais estão tornando a situação ainda mais grave:
- Seca histórica: Diversos estados estão enfrentando uma das piores secas já registradas, com municípios sem chuva por mais de cem dias, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
- Onda de calor intensa: Com a chegada de uma onda de calor, as temperaturas dispararam em várias regiões do país, contribuindo para a evaporação da umidade já escassa.
- Bloqueios atmosféricos: O fenômeno dos bloqueios atmosféricos impede que frentes frias avancem pelo país, resultando na ausência de chuvas e na intensificação do calor.
Essa combinação de fatores provoca uma queda drástica na umidade do ar, afetando diretamente a saúde da população e dificultando atividades diárias.
Saúde pública
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade ideal para o corpo humano varia entre 40% e 70%. Quando esse índice cai para 30%, já é considerado um cenário de alerta, com impactos diretos na saúde, como o agravamento de problemas respiratórios, dores de cabeça, ressecamento dos olhos e cansaço. Indivíduos com doenças respiratórias, como asma e bronquite, são os mais afetados, já que a falta de umidade compromete as vias aéreas e pode intensificar os sintomas dessas doenças.
-
1/8
(Foco de incêndio próximo a rodovia presidente Castelo Branco)
-
2/8
An area affected by bushfires is pictured near the SP-215 highway in Sao Carlos, Sao Paulo state, Brazil on August 23, 2024. Forest fires in southeastern Brazil prompted a maximum alert to be declared on August 23, in around 30 cities in the state of Sao Paulo, where the fire blocked roads and smoke reached the capital Sao Paulo, according to local authorities. (Photo by Lourival Izaque / AFP)
(Incêndio em São Carlos na sexta-feira, 23)
-
3/8
An area affected by bushfires is pictured near the SP-215 highway in Sao Carlos, Sao Paulo state, Brazil on August 23, 2024. Forest fires in southeastern Brazil prompted a maximum alert to be declared on August 23, in around 30 cities in the state of Sao Paulo, where the fire blocked roads and smoke reached the capital Sao Paulo, according to local authorities. (Photo by Lourival Izaque / AFP)
(É a maior quantidade de incêndios num mês desde o início da série histórica, em 1998)
-
4/8
Firefighters battle a fire at the SP-215 highway in Sao Carlos, Sao Paulo state, Brazil on August 24, 2024. Forest fires in southeastern Brazil prompted a maximum alert to be declared on August 23, in around 30 cities in the state of Sao Paulo, where the fire blocked roads and smoke reached the capital Sao Paulo, according to local authorities. (Photo by Lourival Izaque / AFP)
(Governo do Estado de São Paulo vai destinar R$ 10 milhões para combate aos incêndios)
-
5/8
Firefighters spray water on a farm affected by bushfires in Sao Carlos, Sao Paulo state, Brazil on August 24, 2024. Forest fires in southeastern Brazil prompted a maximum alert to be declared on August 23, in around 30 cities in the state of Sao Paulo, where the fire blocked roads and smoke reached the capital Sao Paulo, according to local authorities. (Photo by Lourival Izaque / AFP)
(Bombeiros tentam apagar o fogo em São Carlos (SP))
-
6/8
(Nesta sexta-feira, São Paulo registrou 1.886 focos de incêndios)
-
7/8
A tree burnt by bushfires is pictured in Sao Carlos, Sao Paulo state, Brazil on August 24, 2024. Forest fires in southeastern Brazil prompted a maximum alert to be declared on August 23, in around 30 cities in the state of Sao Paulo, where the fire blocked roads and smoke reached the capital Sao Paulo, according to local authorities. (Photo by Lourival Izaque / AFP)
(Estado de São Paulo representou 38% de todas as queimadas do país em agosto)
-
8/8
(Foco de incêndio próximo a rodovia presidente Castelo Branco)