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Cidade do Rio suspende vacinação de 1ª dose por falta de imunizantes

Prefeito Eduardo Paes já havia cobrado do ministério o envio de nova remessa

Campanha de vacinação contra covid-19 (Stephane Mahe/Reuters)

Campanha de vacinação contra covid-19 (Stephane Mahe/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 23 de julho de 2021 às 18h32.

Última atualização em 23 de julho de 2021 às 18h44.

A prefeitura do Rio anunciou nesta tarde que suspendeu a vacinação de primeira dose por falta de vacinas contra a covid-19. O calendário previa que neste sábado ocorreria a repescagem para pessoas com 35 anos ou mais. Na próxima semana estava prevista a aplicação das primeiras doses em cariocas com 34 e 33 anos, além de dois dias de repescagem.

"A partir de hoje, 23, o município do Rio de Janeiro vai aplicar somente a segunda dose da vacina, conforme data marcada no comprovante, ficando suspensa a aplicação de primeira dose, até recebermos novas doses do Ministério da Saúde. A medida visa garantir a aplicação da segunda dose." disse a secretaria municipal de Saúde em um comunicado.

Mais cedo o prefeito Eduardo Paes usou as redes sociais para cobrar do Ministério da Saúde o rápido envio de 7,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 que estariam paradas sob posse da pasta. Segundo Paes, apesar de o ministério ter divulgado o recebimento nas redes sociais, ainda não há data para que as doses sejam entregues e isso poderá atrasar o calendário de vacinação da cidade:

"Nesta semana o @minsaude recebeu cerca de 7,5 milhões de doses de vacina (vejam abaixo) e até o presente momento não temos notícia de quando receberemos. Divulgamos nosso calendário de acordo com as chegadas informadas pelo ministério. Se não cumprirem, corremos o risco de atrasar. Não é possível que isso fique parado um minuto que seja. O motivo é simples: quanto mais tempo demora, maior é o risco de óbito. Não há nada mais importante a fazer nesse momento!", escreveu o prefeito.

Procurado, o Ministério da Saúde não retornou os contatos.

Vacinação na Maré e em Paquetá estão garantidas

Ao O Globo, o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz afirmou que os projetos de vacinação em massa da Maré e de adolescentes em Paquetá neste fim de semana estão garantigos. Soranz explicou que são vacinas de fornecimento direto pela Fiocruz, que realiza uma pesquisa nas duas regiões.

Doses guardadas

Nesta semana O Globo mostrou que cidades do Rio já haviam paralisado a vacinação de primeira dose contra a covid por falta de imunizantes e outras já estavam com o estoque crítico. A vacinação nesses municípios foi retomada após uma entrega nesta quinta-feira. Neste mês, enquanto o estado do Rio de Janeiro tentou avançar com o calendário de vacinação, o Ministério da Saúde reteve doses da vacina para enviá-las simultaneamente. É o que mostrou um levantamento com base em anúncios de envios do recebimento dos imunizantes por parte do Ministério da Saúde e em pautas de distribuição enviadas pela pasta aos estados, um documento que exibe a hora e a data da chegada de cada remessa de vacina às unidades federativas.

No dia 7 deste mês, a conta oficial da Saúde no Twitter anunciou a chegada de 600.200 doses da vacina da Pfizer. Uma semana depois, divulgou ter computado mais 924.000 doses do imunizante. No entanto, até o dia 19 de julho, o Rio de Janeiro só recebeu duas remessas da vacina da Pfizer, nos dias 2 e 8, numa quantidade total de 362.000 doses, segundo a plataforma LocalizaSUS. Em comparação, até o dia 19 de junho, o estado já tinha recebido seis remessas do imunizante, num número total de 471.000 doses. Vale dizer que julho é o mês com previsão de maior entrega mensal da vacina da Pfizer desde sua inclusão no PNI: quase 15 milhões de doses, segundo o próprio ministério.

A data de entrega da remessa mais recente do imunizante foi divulgada aos estados nesta terça-feira, por meio da pauta de distribuição, ao qual O Globo teve acesso. Ela previu a chegada de 104.000 doses do imunizante para o mesmo dia — ou seja, uma demora de no mínimo sete dias na distribuição aos estados.

Em junho, segundo o LocalizaSUS, o Rio de Janeiro recebeu, entre os dias 8 e 23, três remessas de Coronavac separadas por intervalos de oito a seis dias, numa quantidade total de mais de 434.000 doses. No entanto, em julho, até o dia 19, o estado só recebeu uma remessa do imunizante, no dia 8, com 101.000 doses. Segundo a pauta de distribuição, o próximo envio da Coronavac também estava previsto para ontem, dia 20. Um intervalo de 12 dias entre uma remessa e outra.

Por outro lado, no dia 5 deste mês, o Instituto Butantan divulgou em suas redes ter entregue 937.000 doses da Coronavac ao Ministério da Saúde. Novas entregas foram anunciadas pelo fabricante nos dias 15 e 16, numa quantidade total de 1,2 milhão de doses.

A esta altura do mês, em junho, o Ministério da Saúde já tinha entregue ao Rio dez remessas da vacina da AstraZeneca, numa quantidade total de 1.606.851 doses. Até o dia 19 deste mês, a pasta só fez ao estado seis repasses, no montante total de 1.486.990 doses. Segundo as pautas de distribuição, estavam previstas para ontem a entrega simultânea de três remessas do imunizante, na quantidade total de 402.040 doses — quase 30% da soma das doses recebidas anteriormente durante todo o mês de julho. Ao passo que a Saúde anunciou em sua conta oficial no Twitter o recebimento de 1 milhão de doses da vacina da AstraZeneca, via consórcio Covax Facility, no dia 15, e de mais 4,4 milhões de doses produzidas pela Fiocruz no dia seguinte. Uma demora de quatro dias na entrega de uma vacina fabricada em solo fluminense.

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