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Chanceler brasileiro diz que agressão da Rússia à Ucrânia é inadmissível

Carlos França ressaltou que o governo brasileiro defende o “imediato cessar-fogo” e “a proteção de civis e a garantia de acesso à assistência humanitária” às vítimas da guerra

Ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Leopoldo Silva/Agência Senado/Flickr)
AB

Agência Brasil

Publicado em 6 de abril de 2022 às 15h47.

Última atualização em 6 de abril de 2022 às 16h07.

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, classificou, nesta quarta-feira, 6, como inadmissível a agressão da Rússia à Ucrânia. Cobrado sobre uma posição clara do Brasil em relação ao conflito em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, França rechaçou críticas de que o Brasil tenha uma posição dúbia sobre o tema.

“No caso desse conflito, nós temos um lado claro, que é a paz mundial. A agressão é inadmissível. No momento em que há um conflito armado e a invasão de território, nós entendemos que a Rússia cruzou uma linha vermelha. Quanto a isso não há dúvida em relação à posição do Brasil. O lado do Brasil está muito claro. É a defesa do interesse nacional e a busca pela paz. E essa posição é respeitada aí fora”, afirmou.

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Ainda segundo o chanceler, o governo brasileiro defende o “imediato cessar-fogo” e “a proteção de civis e a garantia de acesso à assistência humanitária” às vítimas da guerra.

Abstenção

Sobre a decisão do governo brasileiro de se abster em uma resolução contra a Rússia, analisada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no mês passado, Carlos França disse que a posição foi tomada pelo fato de o governo brasileiro acreditar que o único foro adequado para essas discussões é o Conselho de Segurança da ONU.

“É perigoso para o sistema multilateral que organizações passem a tratar e a legislar sobre matérias que são estranhas à sua competência. Senão amanhã, talvez, a Organização Internacional do Trabalho [ OIT ] e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual podem querer fazer uma resolução condenando o Brasil em questões de meio ambiente”, defendeu, lembrando que o documento foi aprovado por 33 votos e com um alto número abstenções, 24.

A resolução, proposta pelos países ocidentais, denuncia que "vários edifícios educacionais já foram destruídos ou danificados [ na Ucrânia ], como o edifício da Universidade Nacional Karazin, em Kharkiv".

Sanções econômicas

O ministro Carlos França voltou a criticar sanções econômicas que países do Ocidente impuseram à Rússia como forma de pressionar por um cessar-fogo.

“Eu entendo o uso de sanções pela Europa e pelos Estados Unidos. Era a arma que eles tinham naquele momento para se contrapor ao conflito. No entanto, não posso deixar de estranhar o fato da seletividade das sanções”, disse. França discordou de comentários vindos de embaixadores europeus de que se Brasil aderir logo às sanções, como os outros países, o mundo teria o fim mais rápido do conflito.

“A própria Alemanha sofre com a possibilidade de deixar de contar com energia do combustível russo para sua indústria, para aquecimento de sua população, para geração de energia. Se até esses países têm dificuldade, que dirá o Brasil que depende dos fertilizantes para manter girando o motor muito pujante que é o do agronegócio”, disse.

Ainda segundo o ministro, as sanções tendem a atender os interesses de um grupo pequeno de países, prejudicando a larga maioria, que depende de insumos básicos. Do ponto de vista econômico, França admitiu que a principal preocupação do governo brasileiro está ligada ao fornecimento de fertilizantes. “São indispensáveis para agricultura e para segurança alimentar do mundo”, ressaltou.

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