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Cerveró justifica compra de Pasadena pela Petrobras

Ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró disse que a compra estava "perfeitamente enquadrada dentro do planejamento estratégico da estatal"

Nestor Cerveró fala sobre a compra da refinaria de Pasadena: segundo ele, a expansão do refino para o exterior está previsto no plano da empresa (Antônio Cruz/ABr)
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Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2014 às 12h54.

Brasília -O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras , Nestor Cerveró, disse hoje (16), que a compra da refinaria de Pasadena (EUA) “estava perfeitamente enquadrada dentro do planejamento estratégico da estatal e na agregação de valor ao nosso petróleo ”.

Segundo ele, a expansão do refino para o exterior está previsto no plano da empresa que, na época, não tinha como expandir refinarias no país mas registrava crescimento da produção, em função, principalmente, dos resultados da Bacia de Campos - que era de petróleo pesado e de menor preço de comercialização.

Ao explicar o negócio fechado em 2006 para deputados, em audiência conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle, Desenvolvimento Econômico e Relações Exteriores, Cerveró lembrou ainda que a escolha pelo território norte-americano também foi analisada pela empresa.

"O mercado americano é consumidor voraz energético. Dos 80 bilhões de barris [de petróleo] consumidos no mundo [diariamente], 25% são consumidos pelos Estados Unidos”, disse.

“A partir de 2001 as margens de refino dos EUA explodiram, caracterizando os anos dourados de refino americano”, completou Cerveró, que foi convidado para explicar o relatório que elaborou sobre a compra da refinaria de Pasadina, quando comandava a área internacional da empresa.

O ex-diretor da estatal foi apontado pela presidente Dilma Rousseff, como o responsável pelo erro que a levou a aprovar o negócio com o grupo belga Astra Oil.


Uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo revelou que a compra da refinaria teve o aval da presidente, que na época era ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

No documento, Cerveró teria omitido qualquer referência a duas cláusulas importantes que integravam o contrato: a Cláusula Marlim e a Cláusula de Put Option.

A Put Option obriga uma das partes da sociedade a comprar a outra, em caso de desacordo entre os sócios. Após desentendimentos sobre investimentos com a belga Astra Oil, sócia no negócio, a estatal brasileira teve que ficar com toda a refinaria. Já a Cláusula Marlim prevê a garantia à sócia da Petrobras de um lucro de 6,9% ao ano, mesmo que as condições de mercado sejam adversas.

De acordo com o governo, o Conselho de Administração da estatal só tomou conhecimento da existência das cláusulas em março de 2008, quando foi consultado sobre a compra da outra metade das ações da refinaria. O negócio está sendo investigado pela Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério Público.

Ontem (15), no Senado, a presidente da Petrobras, Graça Foster, lembrou que a falha no relatório de Cerveró, foi apresentada em 2006 e o diretor foi então remanejado para o Conselho de Administração da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras que atua no mercado brasileiro de distribuição de combustíveis.

Ele ocupou o cargo até o mês passado, quando foi afastado da estatal.

Durante a audiência, deputados voltaram a reivindicar a vinda de Graça Foster e do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para que também respondam questões sobre os negócios da estatal.

Os dois foram convidados a comparecer à Câmara na próxima quarta-feira (23) mas, segundo parlamentares de oposição, ainda não confirmaram presença.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCaso PasadenaCombustíveisDilma RousseffEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEnergiaEstatais brasileirasIndústria do petróleoPersonalidadesPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

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