Brasil

Casamento LGBT deixa Temer em saia justa na ONU

ÀS SETE - Nesta quinta, o presidente terá que desacatar uma recomendação do Vaticano sobre manter a proteção da família natural, formada por homem e mulher

Casamento LGBT: o Brasil deve informar à ONU que o governo concorda com a recomendação do Vaticano, mas não acatará (Mario Tama/Getty Images)

Casamento LGBT: o Brasil deve informar à ONU que o governo concorda com a recomendação do Vaticano, mas não acatará (Mario Tama/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2017 às 06h27.

Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 10h02.

As políticas brasileiras para direitos humanos serão escrutinadas nesta quinta-feira, pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Em maio, os 47 países com direito a voto no conselho apresentaram 246 medidas ao país, o que acabou deixando o governo de Michel Temer numa saia justa.

Às Sete – um guia rápido para começar seu dia

Leia também estas outras notícias da seção Às Sete e comece o dia bem informado:

A previsão é que 242 propostas sejam acatadas, mas uma proposta do Vaticano, para que o país acatasse a proteção da “família natural”, formada por homem e mulher, virou motivo de muito debate. Para não contrariar os deputados da bancada religiosa – importantes para votar temas de interesse do governo –, o presidente Michel Temer decidiu rever o tom do posicionamento brasileiro. 

Conforme revelou o repórter Jamil Chade, do jornal O Estado de S. Paulo, o Brasil deve informar à ONU que o governo concorda com a recomendação do Vaticano, mas justifica que ela não poderá ser aceita porque a legislação e a justiça brasileiras já reconhecem outros tipos de família.

O casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal no Brasil desde 2013, quando o Supremo Tribunal Federal obrigou os cartórios do país a aceitar não apenas a união estável desses casais, que já era válida desde 2011, mas também o casamento.

Em maio deste ano, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou um projeto de lei que visa a alteração do Código Civil, para reconhecer como entidade familiar não aquela formada por homem e mulher, como afirma hoje, mas simplesmente entre aquela firmada entre duas pessoas. O projeto ainda precisa ser votado no Congresso.

A proposta do Vaticano também incluía uma rejeição a qualquer forma de aborto, o que também contraria as leis brasileiras, já que, no país, o procedimento é permitido em alguns casos — como estupro e anencefalia.

Outras questões também devem ser sensíveis na discussão de hoje, especialmente em relação aos direitos de indígenas. Na quarta-feira, o governo foi acusado no Conselho de cometer “atrocidades” contra comunidades, e a ONU foi cobrada a exigir demarcação de terras.

Em relação ao casamento, o Brasil deve se colocar hoje no lado mais avançado da história – mas só no papel, já que o discurso deve retroceder algumas casas.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteDireitos HumanosExame HojeLGBTONUVaticano

Mais de Brasil

Previsão do tempo: temporais atingem RJ, SP e MG; Norte, Sul e Centro-Oeste terão chuva fraca

Queda de avião em Gramado: empresas prestam homenagens a Luiz Galeazzi

O que se sabe e o que falta explicar sobre a queda do avião em Gramado

SP ainda tem 36 mil casas sem energia neste domingo