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Cartéis mexicanos inspiraram massacres em prisões, diz secretário

O secretário de Segurança do Amazonas disse que as facções estão seguindo os passos das gangues mexicanas, que divulgam suas execuções na internet

Massacre: "Nossa violência começou imitando os cartéis mexicanos. Com relação a isso de cortar cabeças, esquartejar, isso foram os cartéis mexicanos que começaram essa prática" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Massacre: "Nossa violência começou imitando os cartéis mexicanos. Com relação a isso de cortar cabeças, esquartejar, isso foram os cartéis mexicanos que começaram essa prática" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 16h46.

Brasília - As 30 cabeças cortadas resultantes de uma guerra de facções em uma prisão brasileira neste mês tiveram como inspiração as táticas de cartéis mexicanos e representam uma mudança enorme na violência relacionada às drogas no país, acredita uma autoridade de segurança de alto escalão.

Vídeos mostraram membros da facção Família do Norte brandindo facões e atirando as cabeças no pátio ensanguentado da prisão de Compaj, no Estado do Amazonas, durante a irrupção da violência no dia 1º de janeiro.

Mesmo os brasileiros, acostumados com algumas das taxas de crimes mais altas do mundo, ficaram chocados com a brutalidade.

O incidente desencadeou uma série de massacres ligados a gangues em prisões que deixaram ao menos 130 mortos neste mês.

O secretário estadual de Segurança do Amazonas, Sergio Fontes, ex-chefe da Polícia Federal com 20 anos de experiência na fronteira norte do Brasil, disse que as facções do narcotráfico estão seguindo os passos das gangues mexicanas, que divulgam suas execuções sanguinolentas na internet.

"Nossa violência começou imitando os cartéis mexicanos. Com relação a isso de cortar cabeças, esquartejar, isso foram os cartéis mexicanos que começaram essa prática bem antes que a gente adotasse essa prática no Brasil. Essa parte de terror, misturar delito com terror", disse Fontes em uma entrevista por telefone.

Mais da metade dos 56 detentos assassinados no massacre de Compaj pela Família do Norte, o terceiro maior grupo criminoso do país, foram decapitados.

Alguns dias depois da matança, um funk louvando as decapitações circulou nas redes sociais, lembrando canções folclóricas mexicanas que contam histórias de traficantes de drogas e seus feitos, conhecidas como "narcocorridos".

As prisões superlotadas do Brasil são agora o campo de batalha de uma guerra, que se agrava rapidamente, entre as duas maiores gangues de drogas da nação, o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, que se aliou à Família do Norte.

No início dos anos 2000, o outrora dominante cartel mexicano de Sinaloa começou a fazer propaganda de sua violência, anteriormente praticada em segredo, publicando vídeos de matadores mascarados torturando e degolando rivais com facões no YouTube.

Os pesquisadores de crimes brasileiros dizem que as decapitações não são novas nos presídios, mas que jamais foram vistas nesta escala.

"A magnitude da violência reflete esse acirramento no conflito entre os grupos com a ramificação do PCC pelo país", explicou Victor Neiva, pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG.

O secretário Fontes disse que as autoridades precisam agir agora para impedir que gangues de drogas locais cresçam em tamanho e poder e dominem grandes porções de território, como fizeram no México.

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