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Candidatura de Boulos irrita pré-candidatos do PSOL

Eles reclamam da ausência de debate entre os candidatos e a militância do partido, que deve selar já neste sábado o nome da legenda nas eleições

Boulos: "O PSOL nasceu como uma crítica ao PT. (E) Boulos já declarou num palanque do Lula que a história absolveu (o ex-presidente)" (Roberto Parizotti/CUT/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de março de 2018 às 21h48.

A filiação do líder do MTST, Guilherme Boulos , para disputar a presidência da República pelo PSOL causou estranhamento dentro da sigla, ao menos entre os demais postulantes ao cargo. Eles reclamam da ausência de debate entre os candidatos e a militância do partido, que deve selar já neste sábado, em uma conferência, o nome da legenda nas eleições deste ano.

Para Plínio Jr, um dos que disputam a vaga, a maneira como a candidatura de Boulos foi construída dentro do partido foi "problemática". "O Boulos é uma figura importante do movimento social. A sua entrada no PSOL enriquece o partido e é bem vinda. Mas a candidatura dele foi construída de fora para dentro, sem o debate com a militância partidária e com o dedo do (ex-presidente) Lula, o que não foi bem aceito", disse o filho de Plínio Arruda Sampaio, candidato à presidência pelo da legenda em 2010 e falecido em 2014.

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O psolista se referia ao vídeo gravado por Lula e que foi exibido durante o evento de lançamento da pré-candidatura de Boulos, no último sábado. Nele, o líder petista disse que "seria a última pessoa do mundo a pedir para que Boulos não seja candidato". "Você pode ir nos meus comícios que eu vou nos seus", afirmou Lula no vídeo.

"O PSOL nasceu como uma crítica ao PT. (E) Boulos já declarou num palanque do Lula que a história absolveu (o ex-presidente). Se a historia absolveu o Lula, o PSOL precisaria ser fechado.", criticou Plínio.

A ausência de tempo também foi citada pelo economista Nildo Ouriques, outro pré-candidato do PSOL. "No último Congresso do PSOL, Boulos pediu um tempo para ouvir as bases do MTST sobre se deveria sair ou não candidato. "Esse tempo que ele deu ao MTST ele nega para ouvir as bases ao PSOL", reclamou.

Plínio e Ouriques vão utilizar um debate entre os pré-candidatos do PSOL, que acontece esta noite, no Rio, para pedir o adiamento da conferência no sábado. Eles querem mais tempo para promover debates entre os presidenciáveis.

"Até o partido Democrata nos Estados Unidos tem prévias", criticou Ouriques. Além dos dois e de Boulos, também disputa a nomeação o pedagogo Hamilton Assis. A liderança indígena Sônia Guajajara, que também havia apresentado seu nome, se colocou na semana passada como vice na chapa do líder do MTST.

Presidente da legenda, Juliano Medeiros, minimizou as críticas dos candidatos e afirmou que a candidatura de Boulos tem amplo apoio no partido. "O Guilherme conta com apoio da ampla maioria dos dirigentes partidários e da militância, tem apoio de toda a bancada federal, do Marcelo Freixo (deputado estadual pelo Rio), e isso vai ser comprovado no sábado", disse.

O dirigente também comemorou a filiação de Boulos ao PSOL, que ocorreu de maneira "transparente". "O diálogo que a gente teve com o Boulos e o MTST foi transparente e público, e a conclusão dele com a filiação de Boulos uma vitória do PSOL nesse processo de reorganização da esquerda brasileira", disse. "Considerar hipótese de que o Guilherme tenha compromisso político com o PT é desrespeito com o PSOL e com o próprio MTST, que é um movimento que tem autonomia para tomar suas decisões."

Medeiros também negou que o partido possa rever a data da conferência. "As prévias amplamente rechaçada pela maioria dos delegados no Congresso. Não retomaremos este debate."

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