Sergio Cabral: segundo o MPF, os pagamentos de propinas foram feitos nos moldes dos realizados pelas empreiteiras (Marcelo Fonseca / FolhaPress/Folha de S.Paulo)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de julho de 2017 às 11h57.
Última atualização em 3 de julho de 2017 às 11h58.
Rio de Janeiro - As investigações do Ministério Público Federal que levaram à deflagração da Operação Ponto Final, nesta segunda-feira, 3, pela Polícia Federal, revelaram que o ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB) recebeu R$ 122,8 milhões em propinas de empresas de ônibus entre os anos de 2010 de 2016 - ele deixou o cargo, em favor de seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 2014.
O esquema alcançaria mais de R$ 260 milhões, pagos a políticos e agentes públicos. Três pessoas foram presas entre ontem e hoje: o empresário Jacob Barata, considerado "o rei do ônibus do Rio", o presidente da Federação das Empresas de Transportes do Estado, Lélis Teixeira, e o ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários, que fiscaliza o setor, Rogério Onofre.
Segundo o MPF, "os pagamentos de propinas foram feitos nos moldes dos realizados pelas empreiteiras, só que dessa vez no setor de transporte público com o objetivo de garantir tarifas e contratos com o Governo do Estado do Rio".
Rogério Onofre, enquanto presidente do Detro, recebeu R$ 44 milhões em propinas pagas pelas empresas de ônibus, diz o MPF.
Os valores eram recolhidos nas empresas de ônibus. "Para o MPF, o esquema de corrupção encontra-se organizado a partir de quatro núcleos básicos: núcleo econômico, formado pelos executivos das empresas organizadas em cartel; o núcleo administrativo, composto por gestores públicos do governo do Estado, os quais solicitaram/receberam propinas; núcleo operacional cuja principal função era promover a lavagem de dinheiro desviado; núcleo político, integrado pelo líder da organização Sergio Cabral", diz nota do MPF. A operação Ponto Final decorre das investigações das Operações Calicute e Eficiência.
A PF se baseou em delações premiadas do doleiro Álvaro Novis e do ex-presidente do Tribunal de Contas do Rio Jonas Lopes, alvos de operações anteriores da PF.
A operação foi uma parceria entre a PF e o Ministério Público Federal. Oitenta agentes estão participando.
Segundo a Polícia Federal, foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio nove mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e 30 mandados de busca e apreensão.
Barata foi preso no aeroporto internacional Tom Jobim, prestes a embarcar para Lisboa. Ele divulgou nota, através de sua assessoria de imprensa, informando que tem negócios na cidade, e que ia para lá regularmente. A PF já estava com sua prisão na mira, e a antecipou quando soube da viagem.
A Fetranspor reúne 10 sindicatos de empresas de ônibus que atuam no Estado. O Detro é responsável pela fiscalização dos transportes intermunicipais no Estado.