Roma - A ONU afirmou nesta terça-feira que, nos últimos dez anos, o Brasil conseguiu reduzir à metade a porcentagem de sua população que sofre com a fome, cumprindo assim um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), fixados pelas Nações Unidas para 2015.
Estas são as conclusões recolhidas no relatório sobre o estado da insegurança alimentícia no mundo publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e outros dois organismos da ONU: o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são uma lista de oito pontos, estabelecidos pelas Nações Unidas em 2000, que têm o propósito de melhorar as condições de vida das pessoas no horizonte de 2015.
Assim, o documento assinala que o programa "Fome Zero" fez da fome um problema fundamental incluído na agenda política do Brasil a partir de 2003.
"Garantir que todas as pessoas comessem três vezes ao dia - como disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso de posse - se transformou em uma prioridade presidencial", diz o relatório.
Desta maneira, nos períodos 2000-2002 e 2004-2006, a taxa de desnutrição no Brasil se reduziu de 10,7% a menos de 5%.
Segundo a ONU, o "Fome Zero" foi o primeiro passo dado para acabar com a fome e, com os anos, este enfoque ganhou impulso através do fortalecimento do marco jurídico para a segurança alimentar.
O documento assinala que esta redução da fome e da pobreza extrema tanto em zonas rurais como urbanas é o "resultado de uma ação coordenada entre o governo e a sociedade civil, mais que de uma só ação isolada".
O programa "Fome Zero" se compõe de um sistema integrado de ações realizadas através de 19 ministérios, e aplica uma via dupla ao vincular a proteção social com políticas que fomentam o emprego, a produção familiar agrícola e a nutrição.
As políticas econômicas, diz o relatório, e os programas de proteção social, combinados ao mesmo tempo com programas para a agricultura familiar, contribuem à criação de emprego e ao aumento de salários, assim como à diminuição da fome.
Todos estes esforços realizados pelo Brasil permitiram que a pobreza se reduzisse de 24,3% a 8,4% entre 2001 e 2012, enquanto a pobreza extrema também caiu de 14% a 3,5%.
A ONU também lembra que em 2011 o Brasil introduziu novas políticas para tratar a pobreza extrema, que contemplavam uma melhora no acesso aos serviços públicos para fomentar a educação, a saúde e o emprego.
Além disso, o relatório evidencia que outro dos pilares fundamentais da política de segurança alimentar no Brasil é o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que proporciona refeições gratuitas aos alunos das escolas públicas e do qual se beneficiaram mais de 43 milhões de crianças em 2012.
- 1. Brasil é o país emergente com maior sucesso no combate à fome
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São Paulo - O Brasil é o líder do ranking de países em desenvolvimento com as políticas mais eficientes no combate à fome. Segundo
estudo elaborado pela ONG Action Aid , em menos de 10 anos, o país reduziu pela metade o número de crianças abaixo do peso ideal, e está no caminho para obter o mesmo resultado com relação à população total até 2015. O critério de avaliação da ONG tem como base as metas do milênio estabelecidas pela ONU.De acordo com o relatório da ONG, as ações mais relevantes tiveram origem durante a gestão Lula (2003-2010). "Neste período, uma série de políticas a favor dos pobres surgiu tanto do governo quanto por parte da sociedade civil. A base para esta estrutura foi o programa Fome Zero, criado para erradicar a fome no país por meio de iniciativas como o Bolsa Família", diz o estudo.Entretanto, apesar de elogiar os programas de transferência do governo, a Action Aid faz um alerta peculiar. A ONG enfatiza que o Brasil deve evitar a promoção dos biocombustíveis, um dos setores mais promissores da economia do país, em detrimento da segurança alimentar. Os especialistas explicam que o avanço dos biocombustíveis pode levar os agricultores a preferir o cultivo da cana de açúcar (para produzir etanol) ao plantio de outros alimentos.
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Economia no Twitter - 2. China aparece em segundo lugar no ranking da Action Aid
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São Paulo - Em segundo lugar no ranking de países que mais combatem a fome vem a China. Entre 1980 e 2005, os chineses conseguiram reduzir a taxa de pobreza de 835 milhões para 208 milhões de pessoas. As informações são de um estudo elaborado pela ONG Action Aid.A agricultura teve papel central na obtenção destes resultados. O relatório da ONG afirma que o impacto dos investimentos que a China fez em agricultura familiar foi maior que o do crescimento da manufatura ou do setor de serviços.Fatores como as mudanças climáticas são alguns dos grandes desafios que o país precisa superar para continuar progredindo. Alguns especialistas preveem que a China não será mais auto-suficiente na produção de alimentos após 2030. "O governo chinês tem respondido a estas previsões com uma série de novas medidas, algumas das quais são potenciais fontes de preocupações no futuro, como a produção de transgênicos", afirma o estudo.
- 3. Vietnã reduziu taxa de pobreza de 60% para 10% em 10 anos
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São Paulo - O Vietnã aparece em terceiro lugar na lista elaborada pela ONG Active Aid, que classifica os países emergentes quanto ao sucesso no combate à fome. O país conseguiu, em 2007, reduzir pela metade o número de crianças abaixo do peso ideal."A redução da pobreza no país teve uma redução impressionante, passando de 60% nos anos 1990 para os atuais 10%", diz o relatório. A análise destaca ainda uma "eficiente e igualitária distribuição de terras", bem como os investimentos feitos pelo governo para desenvolver a agricultura familiar.
- 4. Malauí é exemplo de sucesso na luta contra a fome
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São Paulo - Em quarto lugar no ranking dos países em desenvolvimento com maior sucesso no combate à fome aparece Malauí, país do continente africano. Segundo estudo publicado pela ONG Active Aid, o país é um exemplo de sucesso na luta para erradicar a pobreza.Em 2009 o país conseguiu reduzir pela metade o número de habitantes que passam fome e até 2013 o governo deve obter o mesmo resultado com a taxa de desnutrição infantil. Vontade política para realizar reformas e estratégias eficientes são as razões do sucesso de Malauí, segundo a Active Aid."O governo alocou 11% de seu orçamento para 2010 e 2011 para a agricultura, além de criar planos para desenvolver práticas sustentáveis de agricultura. As provisões tornaram possível irrigar mais de um milhão de hectares ao longo dos rios e lagos do país", diz o estudo.
- 5. Gana vai reduzir miséria pela metade até 2015
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São Paulo - Gana segue firme a caminho de cumprir as metas do milênio da ONU no que diz respeito à erradicação da fome. Em estudo elaborado pela ONG Action Aid, o país aparece como o quinto no ranking das economias em desenvolvimento com maior sucesso no combate à pobreza. Segundo o relatório, este é o único país africano que conseguiu reduzir pela metade o nível de pobreza antes de 2015, prazo estabelecido pela ONU.As medidas do país seguiram uma fórmula que também deu certo na China e em outras economias: o investimento maciço em agricultura, particularmente na produção familiar. Além disso, o governo de Gana também tem investido em alimentação nas escolas, beneficiando mais de um milhão de crianças.Para melhorar sua performance, segundo a Action Aid, o país deve aumentar o apoio a pequenos produtores em áreas que enfrentam mudanças climáticas. Questões relacionadas à produção de etanol também preocupam e devem ser monitoradas. A ONG afirma que produtores de cana têm se apropriado de grandes porções de terra, diminuindo a disponibilidade para o cultivo de alimentos.
- 6. Bangladesh ainda tem elevada taxa de desnutrição infantil
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São Paulo - Bangladesh é o sexto país na lista dos emergentes com os melhores resultados no combate à fome. O ranking foi elaborado pela ONG Action Aid. A entidade observa, entretanto, que o progresso do país ainda é relativo, e uma série de fatores ameaça o avanço das medidas de erradicação da pobreza.Nos anos 1990, Bangladesh reduziu a fome em sua população de 36% para 26%. Estes números, porém, deixam de ser impressionantes quando se considera que o país partiu de níveis muito elevados de pobreza e desnutrição. Atualmente, 65,3 milhões de habitantes ainda não se alimentam de forma suficiente. "Além disso, a quantidade de crianças abaixo do peso ideal em Bangladesh é a maior em todo o sudeste asiático", explica o estudo.Assim como em outros países da região, os problemas climáticos e a escassez de terra são os maiores desafios para a agricultura e, consequentemente, para a erradicação da fome. "Cerca de 60% dos fazendeiros não possuem mais terra, e as propriedades existentes são pequenas demais para acomodar outras famílias. A cada ano, 1% das terras cultiváveis são perdidas devido às mudanças climáticas e à urbanização."
- 7. Governo de Moçambique é consistente no combate à fome
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São Paulo - Ao longo dos anos o governo de Moçambique tem tomado medidas consistentes para erradicar a fome no país. O sucesso destas ações posicionou o país no sétimo lugar em um ranking elaborado pela ONG Active Aid, que classifica as economias emergentes quanto ao sucesso para erradicar a pobreza."Em resposta ao rápido avanço da inflação dos alimentos, o governo introduziu um plano para aumentar a produção agrícola entre 2008 e 2011, visando reduzir a vulnerabilidade do país no futuro. Como resultado, a produção cresceu 11% entre 2008 e 2009. Dada a importância da agricultura no país, a economia como um todo experimentou um maior crescimento neste período", diz o estudo.
- 8. Habitantes de Uganda estão à margem do crescimento econômico
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São Paulo - Uganda aparece em oitavo lugar no ranking das economias emergentes com maior sucesso no combate à fome. A lista foi elaborada pela ONG Active Aid, e tem como base as metas de desenvolvimento do milênio da ONU.O país implantou medidas importantes ao longo dos anos 1990, mas, de acordo com o estudo da Active Aid, elas ainda não são suficientes. "Apesar do acelerado crescimento econômico do país, muitos habitantes ainda não viram qualquer benefício. Em 2007, 37% dos agricultores familiares não eram capazes de produzir comida para seu próprio consumo."
A ONG enfatiza a necessidade do governo ampliar seus investimentos em apoio aos pequenos produtores e "evitar perpetuar a discriminação a este grupo", especialmente diante das mudanças climáticas que o país enfrenta.
- 9. Guatemala sofre as consequências de problemas ambientais
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São Paulo - A Guatemala é o nono país no ranking das economias em desenvolvimento classificadas de acordo com seu sucesso na erradicação da fome. O país recentemente estabeleceu sistemas de proteção social e leis relacionadas à agricultura e aos alimentos que lhe garantiram a redução em 50% da quantidade de crianças abaixo do peso ideal entre 2004 e 2009.Entretanto, nos últimos anos, a situação piorou no país. Em 2009 e 2010 fenômenos naturais castigaram o país. Mais de 350 mil famílias foram afetadas por uma grave seca. Além disso, diversas plantações foram devastadas pelo furacão Ágata, que passou pela Guatemala em maio de 2010.Algumas medidas do governo para remediar a situação são os programas de transferência de renda, similares ao Bolsa Família brasileiro, bem como o investimento em alimentação nas escolas.
- 10. Etiópia ainda tem 5,2 milhões de habitantes passando fome
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São Paulo - O décimo país na lista dos que obtiveram mais sucesso no combate à fome é a Etiópia. Entre 1990 e 2005, o percentual da população passando fome caiu de 71% para 44%. Cerca de 85% da população local trabalha com agricultura, e a economia do país depende amplamente das exportações deste setor.Entretanto, o país ainda está longe de alcançar as metas de desenvolvimento do milênio estabelecidas pela ONU. Apesar dos esforços, a taxa de desnutrição e a quantidade de crianças abaixo do peso ideal são elevadas.O governo tem reagido à crise alimentar no país subsidiando a importação de alimentos e fertilizantes. Mesmo assim, 5,2 milhões de pessoas na Etiópia ainda passam fome. Os principais agravantes são o difícil acesso à terra e a elevada inflação, que mantém o preço dos alimentos em um patamar elevado.