Brasil não descarta novas hidrelétricas na Amazônia, diz ministro
O ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, afirmou que a decisão sobre eventuais obras dependerá de uma análise do Ibama
Reuters
Publicado em 25 de março de 2019 às 11h39.
Última atualização em 25 de março de 2019 às 13h57.
São Paulo — O Brasil está aberto a avaliar novos projetos hidrelétricos na região da Amazônia, mas a decisão por eventuais empreendimentos tem que se basear em uma análise técnica, disse nesta segunda-feira o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles ., criticando o que apontou como interferência "ideológica" em processos de licenciamento ambiental.
Ao falar durante seminário da Associação Brasileira de Relações Institucionais (Abrig), Salles defendeu que o órgão ambiental Ibama avalie projetos e riscos a eles relacionados "em uma base estritamente técnica".
"É importante lembrar: licenciamento ambiental não é um instrumento para dizer não. Ele é um instrumento para dizer em que condições sim".
Segundo o ministro, o trabalho do Ibama é pesar benefícios e riscos de cada projeto para ao final da análise decidir se há medidas que possam ser impostas para mitigar os riscos, permitindo o avanço do empreendimento.
Ele reconheceu que a Amazônia é uma região "sensível" devido à sua biodiversidade, ressaltando ainda que a construção de hidrelétricas ali não deve ser analisada da mesma maneira que em outras regiões do país.
O ministro ainda criticou decisões de governos anteriores em processos de licenciamento ambiental, que segundo ele foram baseadas em "dogmas" e em uma visão "completamente ideológica", o que teria na prática prejudicado o meio ambiente.
Um desses exemplos, de acordo com o ministro, está no caso de um linhão de transmissão projetado para conectar o Estado de Roraima ao sistema elétrico interligado brasileiro, que ainda não obteve licença ambiental.
Sem a linha, Roraima segue dependente de térmicas e importações de energia da combalida Venezuela, o que resultou anteriormente em blecautes constantes no Estado.
"Sob o ponto de vista ambiental, a pior decisão foi ter impedido a construção do linhão", disse Salles.
"A energia gerada no local (Roraima) é a mais anti-ambiental, que é a energia gerada de combustível fóssil."