Brasil

Bolsonaro fala em dobrar vale-alimentação de servidor, mas tempo curto pode inviabilizar

Apesar de prazo exíguo, presidente afirmou que reajuste de auxílio está 'praticamente acertado'

Bolsonaro: presidente afirma que reajuste de auxílio alimentação para servidores públicos está "praticamente acertado" (AFP/AFP)

Bolsonaro: presidente afirma que reajuste de auxílio alimentação para servidores públicos está "praticamente acertado" (AFP/AFP)

AO

Agência O Globo

Publicado em 15 de junho de 2022 às 13h30.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar nesta quarta-feira que o governo estuda dobrar o vale-alimentação de servidores públicos, o que estaria "praticamente acertado". Entretanto, integrantes do governo alertam que a janela legal para realizar a medida está se fechando, por conta da proximidade das eleições.

Assine a EXAME por menos de R$ 0,37/dia e acesse as notícias mais importantes do Brasil em tempo real.

"Chegou uma confusão toda que não foi possível a gente dar a reestruturação (para algumas carreiras). Ficou complicado também o 5% de reajuste (para todos os servidores), a história é longa, e nós resolvemos ultimar um estudo para dobrar o valor do vale alimentação. É o que está praticamente acertado até o momento", disse Bolsonaro, em entrevista à jornalista Leda Nagle, transmitida no Youtube.

A lei eleitoral e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) veda uma série de ações do governo durante o ano das eleições.

Pela LRF, todo o trâmite do reajuste do vale-alimentação precisa estar concluído até o dia 3 de julho. Até esta data, o novo valor precisaria estar aprovado. E, até lá, é necessário seguir um passo a passo que leva dias e o governo tem menos de três semanas para fazer todo o processo.

A lei proíbe expressamente a edição de ato que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180 dias anteriores ao final do mandato do presidente.

Reajustar o vale-alimentação requer, antes, uma mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2022. A LDO deste ano, que rege o Orçamento, veda o reajuste, no exercício de 2022, de auxílio-alimentação ou refeição, auxílio-moradia e assistência pré-escolar.

Mudar a LDO requer ao governo enviar ao Congresso um projeto, que precisa ser aprovado em sessão conjunta das duas casas (Câmara e Senado). Depois, o projeto ainda necessita ser sancionado pelo presidente da República. O governo tem como prioridade no Congresso, neste momento, a votação de projetos que tentam reduzir o preço dos combustíveis.

Com o projeto aprovado, o governo ainda tem que encontrar espaço no Orçamento. As despesas estão no limite do teto e, por isso, é necessário bloquear os gastos dos ministérios — que já estão no limite, precisando de recursos em áreas como manutenção de universidades.

O Executivo paga hoje um auxílio-alimentação de R$ 458 mensais a todos os servidores ativos, exceto aqueles que estão afastados por licença-capacitação de longa duração ou por cessão a organismos internacionais.

O valor foi reajustado pela última vez em 2016 e está bem abaixo do que é pago pelos demais Poderes. Na Câmara dos Deputados, os servidores recebem R$ 982,29 de vale-alimentação.

(Agência O Globo)

LEIA TAMBÉM

Acompanhe tudo sobre:Direitos trabalhistasGoverno BolsonaroJair BolsonaroServidores públicos

Mais de Brasil

Rio pode chegar a índice inédito de calor, alcançando o nível 4 nos próximos dias

Cidade do Maranhão decreta calamidade pública por conta de voçorocas

Criminosos de fuzis atacam delegacia em Duque de Caxias após prisão de chefe do tráfico

No Planalto, clima é de desânimo após resultado do Datafolha; 8 pontos explicam reprovação recorde