Bolsonaro e Trump: o que esperar do encontro entre os presidentes
Presidentes dos dois países, aliados ideológicos, se encontram na Casa Branca
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2019 às 07h05.
Última atualização em 19 de março de 2019 às 10h50.
Depois de tecer elogios nos dois últimos meses a Donald Trump , o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro , vai se reunir, nesta terça-feira, com seu par americano, em Washington. A primeira reunião bilateral dos chefes de Estado, que terá a Casa Branca como cenário, deverá ficar marcada pela tentativa de alinhar medidas e estabelecer parcerias entre os dois países, além de debater questões regionais como a situação da Venezuela.
Os Estados Unidos e o Brasil não reconhecem o novo mandato de Nicolás Maduro e veem o líder da oposição, Juan Guaidó , como presidente interino da Venezuela . “Temos que resolver a questão da nossa Venezuela. Aquele povo tem de ser libertado e acreditamos e contamos, obviamente, com o apoio norte-americano para que esse objetivo seja alcançado”, afirmou Bolsonaro, neste segunda-feira, 18, em um evento na Câmara de Comércio.
Outro ponto que pode estar na agenda de discussões é a guerra comercial travada por Estados Unidos e China. Paulo Guedes , ministro da Economia, já deu o tom do posicionamento brasileiro nessa disputa: “ não haverá redução comercial com a China ”, afirmou durante discurso em Washington. Para além disso, devem tratar de oportunidades de cooperação em defesa e politicas comerciais pró-crescimento. Para isso, o governo brasileiro considera importante fazer um acordo para evitar a dupla tributação de produtos e serviços, que aumentam os custos finais. Além disso, a ideia, segundo o jornal Zero Hora, é fechar um acordo de cooperação para facilitar investimentos, dando mais segurança jurídica para os negócios bilaterais.
Também há interesse em abordar a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico ( OCDE ). Até o momento, não se debateram acordos de livre comércio entre os dois países. Os Estados Unidos têm acordos desse tipo com 20 países, entre eles, dois sul-americanos: o Chile (acordo celebrado em 2004) e a Colômbia (acordo de 2012).
Entrevista à Fox
Ontem à noite, em Washington, Bolsonaro concedeu entrevista à TV norte-americana Fox News. À emissora, o presidente negou conhecer o policial militar da reserva acusado de matar a vereadora Marielle Franco , e fez elogios aos presidente dos Estados Unidos.
Questionado pela entrevistadora sobre alegações de que ele e sua família teriam ligações com as milícias suspeitas de envolvimento na morte de Marielle, Bolsonaro reiterou que só conheceu a vereadora após sua morte, em março do ano passado, e garantiu não ter qualquer relação com o PM da reserva apontado como executor do crime, apesar de ambos morarem no mesmo condomínio no Rio de Janeiro.
O presidente acusou a mídia de tentar envolvê-lo injustamente no caso, e lembrou o atentado a faca que sofreu em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral, cometido por um ex-integrante do PSOL, o mesmo partido de Marielle.
Bolsonaro também foi questionado na entrevista à Fox News, que foi transmitida em inglês, sobre sua relação com Trump, e fez elogios ao presidente norte-americano. Ele também defendeu a proposta de Trump de erguer um muro na fronteira com o México para conter a imigração ilegal.
Segundo Bolsonaro, a maioria dos imigrantes não tem boas intenções ou não pretende fazer o melhor para o povo dos EUA.