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Bolsonaro e Flávio aparecem juntos, mas se calam sobre caso Coaf

No domingo, Jair Bolsonaro conversou com os repórteres por dois minutos em um quiosque na Barra e encerrou a entrevista quando indagado sobre as suspeitas

Flávio Bolsonaro, Washington Reis, prefeito de Duque de Caxias, e Jair Bolsonaro participam da cerimônia de inauguração do III Colégio da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro Percy Geraldo Bolsonaro (Tânia Rego/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de dezembro de 2018 às 18h03.

Última atualização em 17 de dezembro de 2018 às 18h09.

Rio - No primeiro evento público em que apareceram juntos desde que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica nas contas de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e seu filho evitaram a imprensa, discursaram como se ainda estivessem em campanha e procuraram demonstrar naturalidade para uma plateia formada basicamente por policiais militares, autoridades estaduais e municipais e convidados da prefeitura de Duque de Caxias.

Jair Bolsonaro e seu filho Flávio estiveram na manhã desta segunda-feira, 17, na cidade da Baixada Fluminense para a inauguração do colégio Percy Geraldo Bolsonaro. A escola, que será gerida e dedicada a filhos de policiais militares do Rio de Janeiro, foi batizada com o nome do pai do presidente eleito - que fora dentista no interior de São Paulo.

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No último dia 6, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que um relatório do Coaf apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de Fabricio Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro.

Os valores foram movimentados entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O assunto - e, sobretudo, a falta de explicações sobre ele - vem arranhando a imagem dos Bolsonaro a menos de um mês da posse do novo presidente.

Nesta segunda-feira, 17, eles aproveitaram um evento público que reuniu policiais militares e políticos apoiadores para tentar demonstrar naturalidade. Como de costume, Jair Bolsonaro chegou sob forte esquema de segurança. Flávio, por sua vez, chegou instantes depois. Ambos foram para uma sala reservada antes de se posicionarem no palco.

Flávio era o mais sorridente. A proposta de instalação de uma escola dedicada a filhos de policiais militares - a terceira no Estado - teria partido dele, como foi anunciado mais de uma vez. Quando pegou o microfone, o deputado enalteceu o pai.

"Eu queria dizer o seguinte: o presidente eleito Jair Bolsonaro nem assumiu ainda e já está inaugurando uma escola militar", discursou.

Jair Bolsonaro repetiu falas do período eleitoral. Ele elogiou instituições de ensino geridas por militares e criticou o que chamou de ideologia de gênero.

"Hoje nós vemos que os colégios militarizados, colégios militares, estão na frente em grande parte dos demais. Não tem nada a ver no tocante à qualidade do professor, são muito parecidos. É que se perdeu ao longo do tempo a possibilidade do exercício de autoridade por parte dos mestres", afirmou. "Com o tempo passou-se a instituir outras coisas à sociedade, como por exemplo a malfadada ideologia de gênero, dizendo que ninguém nasce homem ou mulher, que isso é uma construção da sociedade. Isso é uma negação a quem é cristão, é uma negação a quem realmente acredita no ser humano. Ou se nasce homem, ou se nasce mulher", continuou Bolsonaro.

Na saída, repórteres e cinegrafistas foram levados a uma sala onde Jair Bolsonaro iria supostamente dar entrevista. Mas o presidente eleito saiu por outro lado e deixou o local sem falar com a imprensa. Flávio Bolsonaro também não foi mais visto.

No domingo, Jair Bolsonaro conversou com os repórteres durante dois minutos enquanto tomava água de coco em um quiosque na Barra da Tijuca, a cerca de 400 metros do condomínio onde mora. Ele encerrou a entrevista quando foi indagado sobre as suspeitas apontadas pelo Coaf.

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