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Bolsonaro diz que governo não vai mais comprar vacina chinesa

Coronavac vem sendo pesquisada pelo Instituto Butantan; nesta terça, Ministério da Saúde tinha firmado acordo com governo de SP para incluir vacina no SUS

João Doria: vacina do laboratório Sinovac é aposta do governador (Governo de São Paulo/Divulgação)

Victor Sena

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 09h05.

Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 11h38.

Menos de 24 horas depois de o Ministério da Saúde anunciar a inclusão da vacina da chinesa Sinovac contra covid-19 no Programa Nacional de Imunização e a compra de doses do imunizante pelo governo federal, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, ao responder a apoiadores em uma rede social, que a vacina não será adquirida por seu governo. A política vai seguir dando o tom na bolsa? Vai. E você pode aproveitar as oportunidades. Assine gratuitamente a EXAME Research

"NÃO SERÁ COMPRADA", respondeu Bolsonaro no Facebook diante do comentário de um apoiador que criticou o fato de a vacina da Sinovac ser chinesa e afirmou que a China é uma ditadura.

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"Tudo será esclarecido hoje. Tenha certeza, não compraremos vacina chinesa. Bom dia", afirmou o presidente em outra resposta a uma apoiadora que disse haver "um Mandetta milico no Ministério da Saúde", em referência ao ex-titular da pasta, Henrique Mandetta, que deixou o posto em meio a atritos com Bolsonaro.

A China é o maior parceiro comercial do país, mas também alvo constante de críticas da base mais radical de apoio a Bolsonaro.

"Cobaias"

Logo depois de responder o apoiador, o presidente fez uma publicação dizendo que "o povo brasileiro não será cobaia de ninguém" para justificar sua decisão de vetar a compra da vacina da Sinovac. No entanto, o presidente omitiu a informação de que a vacina só seria adquirida pelo ministério após obtenção de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou a fase de testagem", acrescentou novamente o presidente em publicação no Facebook, ao omitir que o governo federal já aprovou recursos para aquisição da potencial vacina da AstraZeneca, que também ainda não teve sua eficácia comprovada.

O acordo entre o Ministério da Saúde tinha sido firmado em reunião virtual do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com governadores, realizada na tarde desta terça-feira, 2. De acordo com o governo de São Paulo, o valor pago pelo governo federal seria de 1,9 bilhão de reais, por 46 milhões de doses da vacina.

A vacina vem sendo pesquisada pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e é a aposta do governador João Doria para garantir a imunização da população do estado contra a covid-19.  Nos últimos dias, o governador vinha dizendo que o governo federal precisava decidir se iria incluir a vacina da China ou não em seu programa de vacinação.

O Ministério da Saúde tem à disposição ainda outras duas vacinas para distribuir a nível nacional. Uma delas é a desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. O acordo prevê a distribuição das primeiras 15 milhões de doses em janeiro de 2021. O total recebido será de 100 milhões de doses e mais 165 milhões produzidas pela Fiocruz. O valor total deste acordo é de 2 bilhões de reais.

A outra aposta é da aliança global Covax Facility que vai permitir ao Brasil ter acesso a uma de nove vacinas em desenvolvimento atualmente. Neste pacote estão 40 milhões de doses. Entre estas nove vacinas não está incluída a do laboratório Sinovac.

Coronovac em São Paulo

Até semana passada, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vinha dizendo que o início da vacinação contra a covid-19 no estado seria no dia 15 de dezembro. Com o atraso nos resultados da fase de testes, fundamentais para comprovar a eficácia, o discurso mudou e os integrantes da equipe de saúde passaram a dizer que não há como especificar uma data para o começo da campanha de imunização.

De acordo com o diretor do Instituto Butantan, responsável pela fase de testes da vacina chinesa do laboratório Sinovac no Brasil, todo o estudo de uma vacina dura, em média, 12 meses, mas que tudo está sendo o mais adiantado possível.

Ele explicou, em entrevista coletiva na segunda-feira, 19, que a eficácia será comprovada quando, pelo menos, 61 casos de covid-19 forem confirmados dentro do grupo de voluntários, o que ainda não ocorreu. Com este diagnóstico positivo é possível identificar se aquele voluntário recebeu o placebo ou a vacina e comparar os dados.

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