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Bolsonaro defende chefe da Secom: "Se for ilegal, a gente vê lá na frente"

Reportagem da Folha aponta que secretário recebeu por meio de uma empresa da qual é sócio, pagamentos de emissoras e agências contratadas pelo governo

Bolsonaro: presidente afirmou que secretário é excelente e por isso é criticado (Isac Nóbrega/PR/Reuters)

Bolsonaro: presidente afirmou que secretário é excelente e por isso é criticado (Isac Nóbrega/PR/Reuters)

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Reuters

Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 16h23.

Última atualização em 16 de janeiro de 2020 às 17h01.

Brasília — O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira o secretário de Comunicação Social da Presidência, Fábio Wajngarten, e disse que vai mantê-lo no cargo, após reportagem do jornal Folha de S.Paulo acusá-lo de supostamente receber, por meio de uma empresa da qual é sócio, pagamentos de emissoras de TV e agências de publicidade contratadas pelo governo.

"O que eu vi até agora está tudo legal com o Fábio, vai continuar, é um excelente profissional. Se fosse um porcaria, igual alguns que têm por aí, ninguém estaria criticando ele", disse Bolsonaro em entrevista na saída do Palácio da Alvorada.

Perguntado se Wajngarten deveria se afastar da empresa da qual é sócio, Bolsonaro disse que não responderia, mas afirmou: "Se for ilegal, a gente vê lá na frente."

Em pronunciamento no Planalto na quarta-feira, após a divulgação da reportagem, o secretário disse que não estava à frente do órgão "para fazer negócios", defendeu-se da acusação e disse que permaneceria no cargo.

"É realmente absurdo esse tipo de matéria. Eu não estou (aqui) para fazer negócios. Eu estou aqui para transformar a comunicação da Presidência da República com a maior ética possível, com a maior transparência possível e com a maior modernidade possível", afirmou.

Em nota um pouco antes da declaração de Wajngarten, a Secom classificou como "mentira absurda, ilação leviana" a tentativa de imputar ao secretário "procedimento ilegal por suposto 'recebimento' de dinheiro de emissoras de televisão e de agências de publicidade contratadas pela própria Secom, por uma empresa em que ele é sócio".

Durante a entrevista na saída do Alvorada nesta manhã, Bolsonaro inicialmente não respondeu sobre o caso envolvendo o secretário e preferiu atacar duramente a Folha e uma repórter do jornal que fez questionamentos sobre o caso. Populares que estavam no local apoiaram as manifestações do presidente.

Bolsonaro disse que o jornal não tem credibilidade para acusar ninguém. "Lamentavelmente, uma péssima imprensa que faz a Folha de S.Paulo. Outra pergunta, aqui acabou. Folha de S.Paulo está fora. Sai fora, Folha de S.Paulo, vocês não têm moral para perguntar nada", disse.

Questionado pela repórter do jornal sobre a sanção do fundo eleitoral, que prevê 2 bilhões de reais para partidos usarem nas campanhas este ano, Bolsonaro rebateu novamente.

"Já falei que a Folha está fora. Você não aprende que a Folha está fora? A Folha é um lixo. A Folha é um lixo. Eu quero saber, a Folha de S.Paulo, o Datafolha, eu perderia para todo mundo no segundo turno. Você não tem vergonha na cara, vem aqui fazer plantão? Eu sei que você não é dona da Folha, desculpa, você, como pessoa, não tenho nada contra você, mas você está cumprindo aqui o seu papel para tentar infernizar o governo", afirmou.

Reação

Poucas horas depois de o presidente defender o secretário, oPSOL, que faz oposição ao governo, entrou com uma ação popular na Justiça do Distrito Federal em que pede a revogação imediata da nomeação de Fabio Wanjgarten. A legenda pede também a anulação de todos os atos assinados por ele desde que assumiu a Secom.

"O caso é uma evidente afronta à Lei de Conflito de Interesses. A lei diz que integrantes da cúpula do governo são proibidos de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. A prática implica conflito de interesses e configura ato de improbidade administrativa", disse o partido em nota.

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