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Bolsonaro critica STF por estar "legislando" sobre aborto

Bolsonaro defendeu que essa questão sobre uma eventual punição pelo aborto cabe ao Congresso Nacional e fez um alerta ao STF

Bolsonaro: candidato disse ter feito uma "brincadeira" quando disse ter dado "uma fraquejada" e teve um de seus filhos do sexo feminino (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: candidato disse ter feito uma "brincadeira" quando disse ter dado "uma fraquejada" e teve um de seus filhos do sexo feminino (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de agosto de 2018 às 10h49.

Brasília - O candidato do PSL à Presidência, deputado Jair Bolsonaro (RJ), criticou na sexta-feira o Supremo Tribunal Federasl (STF) por estar "legislando" sobre uma eventual descriminalização do aborto antes da décima segunda semana de gestação.

"Quero que o Supremo Tribunal Federal não legisle como está legislando agora na questão do aborto", criticou ele, que se disse contrário à prática, num momento em que o tema voltou à pauta por estar sendo objeto de audiências públicas no STF.

Bolsonaro defendeu que essa questão sobre uma eventual punição pelo aborto cabe ao Congresso Nacional e fez um alerta ao STF. "Uma não votação é um recado que está dando."

O deputado disse que "lamentavelmente" o Supremo não tem sido apontado em pesquisas como uma das instituições com maior credibilidade no país. Mas declarou publicamente ter recuado da sua intenção de propor um aumento no número de integrantes do STF --atualmente são 11 ministros. "Desistimos da ideia", disse.

Mulheres

O candidato disse ter feito uma "brincadeira" quando disse ter dado "uma fraquejada" e teve um de seus filhos do sexo feminino. Questionado sobre declarações de que homens têm de ganhar mais de mulheres porque elas engravidam, ele destacou que na iniciativa privada quem define o salário é o patrão.

"Por que botaram na minha conta isso aí?", questionou. "Na iniciativa privada não tem como interferir", reforçou, ao avaliar que qualquer ação nesse sentido pode "quebrar" o empregador.

O candidato negou ser contra as mulheres e defendeu a possibilidade de elas terem direito a portar armas. Para ele, o armamento é mais eficiente do que legislações que punem assassinatos de mulheres. "Vai sacar do bolso a lei do feminicídio?", ironizou.

O presidenciável disse ter sido "infeliz" na frase quando disse que quilombolas não trabalham e deveriam ser extintos. Ele afirmou que eles desejam ser autossuficientes. "Querem a sua terra, liberdade, querem, se for o caso, vender a sua terra, querem uma nova Lei Áurea", destacou. Novamente, ele se posicionou contra a política de cotas para negros em universidades públicas.

O candidato também defendeu uma maior integração do índio com a sociedade, podendo até servir no patrulhamento das fronteiras pelas Forças Armadas. Disse que grandes reservas indígenas com subsolos riquíssimos foram demarcados "por pressão externa".

"Nós não podemos fazer com que o índio viva numa reserva como se fosse um animal em um zoológico", disse.

Bolsonaro afirmou que nunca foi homofóbico, mas fez questão de ressaltar que é contra o ensino nas escolas de educação sexual, chamado por ele de "ideologia de gênero".

Ditadura e tortura

Questionado se houve ditadura no país, o parlamentar disse que houve um "período de exceções" e chegou a comparar o fechamento do Congresso, determinado pelo regime militar, à não votação pelo Congresso Nacional no período democrático em razão do trancamento de pauta por medidas provisórias. Ele não falou da cassação de parlamentares cassados pelo regime naquele período.

O deputado, entretanto, disse que o risco de uma situação dessas é "zero" de se repetir porque estamos num momento diferente. E afirmou que a tortura é "inadmissível".

Reeleição

O candidato afirmou que não quer ser um presidente para lançar o Brasil numa aventura. Indicou que poderia não se candidatar a um novo mandato, caso isso fosse necessário para se fazer uma reforma política no país.

"Se for para fazer uma reforma política para resolver o Brasil, eu abro a mão da minha reeleição", disse.

O presidenciável disse que não vai pautar o seu governo por uma partilha de cargos com eventuais partidos que queiram lhe dar sustentação no Congresso. Mas não foi claro sobre como iria ser a relação com o Congresso.

O deputado disse acreditar que como tem "moral" e está preocupado com o futuro do Brasil e com os anseios do povo vai obter votos para aprovar medidas no Congresso. Ele afirmou que um dos seus coordenadores de campanha, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já contabiliza o apoio de 100 deputados federais a um eventual governo dele.

O candidato disse ainda que a advogada Janaína Paschoal, uma das subscritoras do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e o príncipe Luiz Philippe de Orléans e Bragança, da família real brasileira, estão entre os cotados para ser seu vice. Os dois são filiados ao PSL, o que seria uma chapa puro-sangue.

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