Bolsonaro confirma emendas, mas nega relação com negociação da Previdência
Em entrevista coletiva, o presidente ressalvou que não há "negociações no nível que existia no passado"
Reuters
Publicado em 12 de março de 2019 às 14h51.
Brasília — Depois de ter negado pelo Twitter que o governo estaria negociando a liberação de emendas como parte da negociação para aprovar a reforma da Previdência , o presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta terça-feira (12) que os recursos, para emendas impositivas, serão liberados, mas ressalvou que não há "negociações no nível que existia no passado".
"Vamos liberar as emendas impositivas, não temos como fugir delas, temos que pagá-las, porque são impositivas. Não tem negociações, no nível que existia no passado, não existirão no meu governo", garantiu em entrevista no Palácio do Planalto, durante a visita do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
O anúncio da liberação aos parlamentares foi feito na segunda pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). Segundo o parlamentar, o governo teria 3 bilhões para as emendas, mas apenas 1 bilhão estaria pronto para ser liberado agora, e os recursos iriam para todos os partidos.
Na manhã desta terça, Bolsonaro usou sua conta no Twitter para negar que a liberação de recursos para os parlamentares seja parte de uma negociação para aprovar a reforma da Previdência.
"Informo que não há verbas sendo liberadas para aprovação da Nova Previdência como veículos de informação vêm divulgando. Seguimos o rito constitucional e obrigatório do Orçamento Impositivo, onde é obrigatório a liberação anual de emendas parlamentares", escreveu Bolsonaro.
Depois, em nova entrevista, dessa vez no Itamaraty, o presidente mostrou algum ceticismo sobre a aprovação da reforma da Previdência ainda no primeiro semestre, como pretende a equipe econômica.
"Por vezes as coisas no Congresso podem ser um pouco demoradas", disse. "Mas dessa vez vai ter a agilidade que a matéria merece. Os meus colegas parlamentares vão colaborar."
Bolsonaro disse ainda que está colaborando na articulação com o Congresso e irá ter novas reuniões com líderes e vice-líderes nos próximos dias sobre a reforma.
Ministros
O presidente comentou ainda os problemas mais recentes dos seus ministros. Chegou a brincar, dizendo que tem cinco filhos e que, se entre eles já há problemas, "imagina com 22 ministros".
Sobre a crise no Ministério da Educação, em que uma disputa entre técnicos, militares e indicados pelo escritor Olavo de Carvalho levou à demissão de seis pessoas. Bolsonaro minimizou e confirmou que o ministro Ricardo Vélez fica no cargo.
"Teve um probleminha com o primeiro homem dele (o secretário-executivo Luiz Tozi) mas já está resolvido", garantiu.
Sobre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, acusado de usar candidatas-laranja para desviar recursos destinados a campanhas eleitorais de mulheres, Bolsonaro disse que ainda aguarda o primeiro relatório da investigação que está sendo feita pela Polícia Federal.