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Bolsa Família mascara os números do desemprego no Brasil

Consultor diz que beneficiados pelo programa do governo Lula optam por ficar sem trabalho e distorcem os dados das pesquisas

Embora níveis de emprego sejam elevados, ineficiência da mão-de-obra brasileira preocupa, de acordo com Gilberto Guimarães (Jorge Rosenberg/VEJA)
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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2011 às 13h40.

São Paulo - O IBGE divulgou nesta quinta-feira (25/11) que a taxa de desemprego no Brasil chegou a 6,1% em outubro, o menor nível em oito anos. Entretanto, para o consultor especialista em empregos Gilberto Guimarães, os dados não representam a realidade do país. Existe uma distorção provocada por programas de assistência do governo. "O Bolsa Família mascara os números sobre desemprego no Brasil."

Guimarães, que é presidente da consultoria BPI no Brasil, explica que os beneficiados pelo programa criado pelo presidente Lula se enquadram em uma categoria que o IBGE chama de "trabalhadores desalentados". Este grupo é formado por pessoas que estão sem emprego e desistiram de procurar uma nova oportunidade.

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"Para não perder a verba recebida, muitos preferem continuar sem trabalho. Isto os exclui da População Economicamente Ativa, e também dos números no cálculo do desemprego", explica o consultor. Atualmente o programa do governo Lula é estendido a cerca de 12 milhões de famílias. Segundo Guimarães, se este número de pessoas fosse considerado nas estatísticas, o índice do IBGE passaria dos 8%.

Desindustrialização precoce

Apesar do nível de desemprego chegar a níveis baixos no Brasil, o consultor diz que a situação do mercado de trabalho nacional, em comparação com a de outros países, está longe de ser satisfatória. Guimarães diz que o país está em um processo de desindustrialização precoce e já começa a transferir tanto suas empresas quanto trabalhadores para outros países.

Este fenômeno tem como causa principal o encarecimento da mão-de-obra brasileira, impulsionado tanto pela valorização do real frente ao dólar, quanto pela quantidade de taxas que as empresas pagam para produzir no país.

À fuga de empresas e funcionários somam-se os efeitos de uma educação insuficiente, e o resultado é um mercado de trabalho onde ainda imperam a "falta de competência e uma das mais baixas produtividades do mundo."

O consultor enfatiza que, para reverter este quadro, não bastaria apenas ampliar a oferta à educação, e sim reformular o modelo acadêmico brasileiro. "Ainda temos um ensino muito focado no conhecimento, mas quase sem prática. Os alunos saem das universidades com grande quantidade de informações, mas não tem ideia de como usá-las na prática", diz.

Leia mais: "Começou a desindustrialização no Brasil", diz Mendonça de Barros

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