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Bacia do Rio Paraíba pode secar em 8 meses

O local de onde o governo de São Paulo pretende transpor água para o Cantareira também atravessa uma crise de estiagem


	Rio Paraíba do Sul em Guaratinguetá: as simulações mostram cenários alarmantes, com o volume dos reservatórios entre 6,6% e 13,7% em novembro
 (OS2Warp/Wikimedia Commons)

Rio Paraíba do Sul em Guaratinguetá: as simulações mostram cenários alarmantes, com o volume dos reservatórios entre 6,6% e 13,7% em novembro (OS2Warp/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2014 às 09h36.

São Paulo - Relatório finalizado em março pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostra que a Bacia do Rio Paraíba do Sul, de onde o governo de São Paulo pretende transpor água para o Sistema Cantareira, também atravessa uma crise de estiagem que pode deixá-la com apenas 1,8% da capacidade já em novembro.

O nível seria o mais baixo da história dos reservatórios que abastecem a região do Vale do Paraíba e 80% do Estado do Rio.

O cenário é resultado de uma simulação feita pelo ONS com base na pior seca já registrada na região, em 1955, e na vazão de 190 mil litros por segundo que podem ser bombeados hoje na usina elevatória de Santa Cecília, em Barra do Piraí, para a geração de energia pela Light e para o abastecimento do Rio.

Desta forma, a bacia entraria em colapso em oito meses, segundo o relatório de condições hidrológicas e de armazenamento ao qual o jornal O Estado de S.Paulo teve acesso.

"Por sua posição estratégica para a segurança do abastecimento da Região Metropolitana do Rio, a Bacia do Rio Paraíba do Sul merece uma especial atenção no que tange à gestão de recursos hídricos", aponta o ONS, órgão responsável pelo controle da operação da geração e transmissão de energia elétrica do País.

Mesmo com a redução das vazões, que poderia afetar o abastecimento no Rio, as simulações mostram cenários alarmantes, com o volume dos reservatórios entre 6,6% e 13,7% em novembro.


Segundo o documento, as quatro represas que formam a Bacia do Paraíba do Sul estavam com 40,7% da capacidade no fim de março, um dos mais baixos dos últimos anos. 

O recorde negativo foi registrado em novembro de 2003, quando os reservatórios tinham apenas 14,2% da capacidade. Um dos reservatórios da bacia é o Jaguari, em Igaratá, no Vale do Paraíba. É dele que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) quer transpor água para o Cantareira.

Nesta quarta-feira, 02, o nível do principal manancial paulista, que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de Campinas, caiu novamente, atingindo 13,3% da capacidade, o mais baixo já registrado.

Segundo estimativa da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), revelada pelo Estado, o volume útil do Cantareira pode se esgotar já no dia 21 de junho. A partir daí, a empresa terá de captar água do chamado "volume morto", reserva que fica abaixo do nível das comportas, para evitar o racionamento de água generalizado.

Projeto

Foi pensando na recuperação do Cantareira que Alckmin anunciou, há duas semanas, o projeto de transposição de água do Jaguari para a Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, um dos cinco reservatórios do manancial. O projeto causou o início de uma briga com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que teme impacto da transposição no abastecimento de água fluminense.


Orçado em R$ 504 milhões, o projeto está previsto apenas para o fim de 2015, e ainda está sendo debatido com a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que controlam as operações envolvendo o Rio Paraíba do Sul, que é federal.

Ontem, Alckmin voltou a defender o projeto e disse que uma alternativa a ele seria construir um novo reservatório que teria um custo social, econômico e ambiental.

"É importante esclarecer que São Paulo não pretende tirar água do Rio Paraíba", disse. "Não tem nada a ver com o Rio de Janeiro, porque o Rio de Janeiro tem vazão mínima garantida pela ANA. Ninguém pode mudar isso."

Após troca pública de farpas com Cabral, Alckmin disse ontem que é preciso "deixar de lado as paixões políticas" e "ter muito espírito de estudo". Técnicos dos dois governos devem discutir juntos o projeto. / COLABOROU LAURA MAIA DE CASTRO

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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