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Aumentam alunos do RJ que trocam escola particular pela pública

O secretário de Estado de Educação, Wagner Victer, destacou que este é um movimento que vem ocorrendo desde 2014

Educação: já havia a expectativa de crescimento na ordem de 15% (MorgueFile)
AB

Agência Brasil

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 19h51.

O aperto no orçamento levou mais famílias a trocarem os filhos de escolas particulares para a rede pública estadual do Rio de Janeiro.

A primeira fase de novas matrículas terminou ontem (22), às 23h59 e, segundo a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), para o ano letivo de 2016 houve 27.357 inscrições de alunos que estudavam na rede privada, enquanto para 2017, o número atingiu 32.350.

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O secretário de Estado de Educação, Wagner Victer, destacou que este é um movimento que vem ocorrendo desde 2014 e, por isso, a Seeduc se preparou para receber os novos alunos, que este ano representaram uma demanda maior.

Victer revelou que, dentro do planejamento para 2017, que durou quase seis meses, já havia a expectativa de crescimento na ordem de 15%.

"Estamos aptos a atender, em função até da otimização que a gente faz de turmas e de escolas. Tínhamos algumas escolas com salas ociosas, além da aplicação dos nossos recursos humanos. Vamos atender tranquilamente este crescimento que é um crescimento significativo", disse à Agência Brasil.

Victer afirmou que a rede pública também tem se esforçado para melhorar o conteúdo e as condições de ensino para diminuir a diferença com a rede privada.

De acordo com o secretário, nos últimos anos os dados têm mostrado que a distância tem se reduzido.

"Há problemas também na rede privada e temos que trabalhar para, permanentemente, melhorar a rede pública. Mas temos também centros de excelência na rede pública. Na semana que vem vamos abrir vagas para 30 novas escolas em municípios muito pobres com ensino integral e voltadas para o empreendedorismo. Na maioria desses municípios sequer existe ensino privado em ensino integral", afirmou.

Aperto econômico

O economista da Fundação Getulio Vargas, André Braz, disse que a fuga das famílias da rede privada é decorrente do aperto econômico, agravado pela recessão, que vem se formando desde 2014 e que se manifesta no aumento da taxa de desemprego.

"Como o desemprego agora está no auge e há previsão de que possa avançar um pouco ainda nos próximos meses isso também diminui a capacidade de pagamento das famílias e, então, tem muita migração do privado para o público e essa migração é real, porque se perde o emprego não tem condição de manter uma mensalidade escolar. Isso é bem característico de momento de recessão", disse.

Impacto da educação no orçamento

André Braz afirmou, ainda, que a educação compromete cerca de 5% do orçamento familiar, desde a creche ao nível superior, na média para famílias de 1 a 33 salários mínimos mensais.

Logo no início do ano, em janeiro, as famílias sofrem, o impacto do reajuste das mensalidades de 2017.

"O reajuste previsto para o ano que vem está na faixa de 10% a 12%, então, levando esse reajuste médio em consideração e pesando quase 5% dá para a gente ter um impacto da inflação de janeiro de aproximadamente meio ponto percentual, só por conta do reajuste das mensalidades escolares", afirmou.

O economista destacou ainda que, além do comprometimento do orçamento com as mensalidades, há uma série de gastos indiretos com material e transporte escolar e uniforme.

"Todo o orçamento destinado à educação supera os 5%, que são apenas os gastos com material escolar", completou.

Volta à escola

A procura por novas inscrições na rede pública do estado do Rio de Janeiro refletiu também a dificuldade em conseguir emprego no estado.

Houve aumento relevante no número de pessoas que estavam afastadas dos estudos. Enquanto em 2016, foram 3.852 inscrições, para 2017, aumentou para 13.524 o total de candidatos, que fizeram cadastro pela internet em busca de uma vaga nas salas de aula.

"Acho que é uma perspectiva de que hoje é necessário voltar a se qualificar para ingressar no mercado de trabalho. O mercado estava muito ofertante em demanda e hoje reduziu a demanda e as pessoas têm que se qualificar. Isso se dá em todas as séries, mas está mais focado no ensino médio. É um detalhe muito importante", ressaltou.

Total de inscrições

O total de novos pedidos de ingresso nas escolas de rede pública estadual do Rio, para o próximo ano letivo, registrou um recorde de inscrições.

Foram 240.792, número superior ao registrado nas inscrições para o ano de 2016, quando ficaram em 220.498 candidatos escolheram as escolas públicas do estado.

O secretário lembrou que, além das novas inscrições, a rede pública liberou cerca de 537 mil vagas para a renovação de matrículas dos alunos. Victer garantiu que a secretaria vai atender a toda esta demanda.

"Não só temos condição como vamos atender. Na realidade, nós fizemos um planejamento. Muitos ajustes foram feitos para atender esta demanda. Vamos atender e não vai ter nenhum aluno que ficará sem vaga na rede pública. Vamos atender, mesmo porque, na educação, apesar da crise o governo tem dado uma atenção importante", concluiu.

Os municípios do Rio de Janeiro, de Nova Iguaçu, de Duque de Caxias, de São Gonçalo, de Belford Roxo, de São João de Meriti, de Campos dos Goytacazes, de Niterói, de Magé e de Angra dos Reis foram os dez que mais receberam inscrições, realizadas por meio da página da Seeduc no Facebook e pelo site Matrícula Fácil.

Confirmação da matrícula

A Seeduc antecipou o dia em que os alunos já poderão saber as escolas em que foram alocados. As informações estarão disponíveis no site Matrícula Fácil a partir do dia 30 deste mês.

Depois da divulgação da lista, os interessados terão de 4 a 10 de janeiro de 2017 para confirmar a matrícula na unidade em que foram selecionados.

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