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As cidades brasileiras menos (e mais) vulneráveis à covid-19

Estudo exclusivo coloca São Bernardo do Campo (SP) como a segunda cidade menos vulnerável ao novo coronavírus em todo o Brasil

São Paulo: adesão parcial ao isolamento (Eduardo Frazão/Exame)

São Paulo: adesão parcial ao isolamento (Eduardo Frazão/Exame)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 16 de maio de 2020 às 08h04.

Última atualização em 22 de maio de 2020 às 16h15.

Colina, no interior do estado de São Paulo, é a cidade brasileira menos vulnerável à covid-19, doença causada pelo coronavírus, segundo o Índice de Vulnerabilidade dos Municípios (IVM), criado pelo Instituto Votorantim nesta semana para mapear o cenário da pandemia no país.

O estudo, liberado com exclusividade para EXAME, coloca São Bernardo do Campo, cidade da região metropolitana de São Paulo, no segundo lugar seguida de Nova Lima, em Minas Gerais.

Mas o que faz de uma cidade mais ou menos vulnerável? Número de leitos disponíveis na UTI e de respiradores são indicadores importantes, mas não são os únicos. Além desses, o IVM considera fatores como a proporção da população idosa, o PIB per capita e a situação fiscal da cidade.

O Índice varia de 0 a 100: quanto mais alto o valor, maior é a vulnerabilidade. É possível ver em que situação está seu município viajando pelo mapa do Brasil aqui.

"Percebemos que o fato de um município ter mais idosos, por exemplo, impacta mais sobre sua capacidade de enfrentar a doença do que sua situação fiscal, já que o governo tem liberado verbas emergenciais durante a pandemia", diz Rafael Gioielli, gerente-geral do Instituto Votorantim.

Os municípios mais vulneráveis à doença concentram-se nas regiões Norte e Nordeste. Mojuí dos Campos, no Pará, tem a pior situação, seguido de Wanderley e Ibirataia, ambas na Bahia.

Enquanto Colina se beneficia da estrutura da microrregião de Barretos, onde há 50 leitos de UTI e 81 respiradores por 100 mil habitantes, Mojuí dos Campos tem 10 para os dois fatores à sua disposição na microrregião de Santarém. Já a microrregião de Ilhéus-Itabuna, onde fica Ibirataia, soma 8 leitos de UTI por 100 mil habitantes e 13 respiradores para a mesma proporção, e a de Cotegipe, onde fica Wanderley, não tem nenhum leito e apenas três respiradores.

São Bernardo do Campo (SP) e Nova Lima (MG), a segunda e a terceira cidades brasileiras menos vulneráveis, possuem, respectivamente, 27 e 23 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes, e 56 e 41 respiradores na mesma proporção, respectivamente, à disposição em suas microregiões.

Ao todo, o índice tem dezoito indicadores distribuídos em cinco pilares temáticos de diferentes pesos: população vulnerável (peso: 32,35%) , economia local (peso: 11,76%) , estrutura do sistema de saúde (peso: 23,53%), organização do sistema de saúde (peso: 20,59%) e capacidade fiscal da administração municipal (peso: 11,76%).

Vale ressaltar que o pilar sobre a estrutura de saúde é o único que leva em consideração a qualidade dos serviços na microrregião onde ficam os municípios, já que essa é a forma como o SUS mapeia os possíveis pacientes. Índices sobre população idosa, por exemplo, são correspondentes apenas ao contabilizado na cidade.

"O Brasil é um país gigante e tem muitas carências, além de não ter um serviço de saúde pleno. Por isso, esses critérios técnicos nos ajudam a saber onde é mais urgente e relevante investir: no interior de São Paulo ou no Pará", diz Gioielli.

No levantamento foram usados somente dados públicos de diferentes bases, como a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Sistema Único de Saúde (SUS),  Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS).

Gioielli conta que, a princípio o índice foi elaborado para basear decisões de investimento do instituto durante a pandemia, mas "percebemos que estava muito robusto e poderia ser uma ferramenta muito útil para formadores de políticas públicas", diz.

Estas políticas tem variado em intensidade dependendo do cenário de cada local. No Pará, por exemplo, o governador Hélder Barbalho anunciou nesta sexta-feira a prorrogação do lockdown, fechamento total das atividades, em vigor em dez cidades, incluindo a capital Belém, até 24 de maio.

O estado já registrou 10.867 casos de coronavírus e 1.063 mortes pela doença. No Brasil, já são 218 mil casos e 14.817 óbitos segundo o último balanço.

Veja as 10 cidades mais vulneráveis:

  1. Mojuí dos Campos - PA
  2. Wanderley - BA
  3. Ibirataia - BA
  4. Sítio do Quinto - BA
  5. Jussiape - BA
  6. Delmiro Gouveia - AL
  7. Ubaitaba - BA
  8. São Francisco - MG
  9. São Raimundo Nonato - PI
  10. Faro - PA

E as 10 cidades menos vulneráveis:

  1. Colina (SP)
  2. São Bernardo do Campo (SP)
  3. Nova Lima (MG)
  4. Flores da Cunha (RS)
  5. Colômbia (SP)
  6. Cuiabá (MT)
  7. Extrema (MG)
  8. Porto Reral (RJ)
  9. Olímpia (SP)
  10. Gavião Peixoto (SP)
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