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Após morte de estudante, Brasil chama embaixador na Nicarágua

País vive crise com protestos contra presidente Daniel Ortega que se mantém há 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção

Raynéia Gabrielle Lima: estudante brasileira foi morta com tiro no peito que, segundo o reitor da Universidade Americana, foi disparado por "grupo de paramilitares" (Arquivo pessoal/Direitos reservados/Agência Brasil)
AB

Agência Brasil

Publicado em 24 de julho de 2018 às 20h03.

O Itamaraty chamou, para consultas, o embaixador brasileiro Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos na Nicarágua . A decisão ocorre após a morte de uma universitária brasileira na capital Manágua, nessa segunda-feira (23).

Hoje a embaixadora da Nicaragua no Brasil, Lorena Del Carmen, também foi convocada para prestar esclarecimentos. Ela esteve no Itamaraty com o subsecretário de América Central e Caribe, Paulo Estivallet.

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A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta, na noite de segunda-feira (23), com um tiro no peito que, segundo o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, foi disparado por um "um grupo de paramilitares" no sul da capital Manágua.

Mais cedo, o governo brasileiro já havia manifestado indignação e exigido que autoridades nicaraguenses mobilizem todos os esforços necessários para identificar e punir os responsáveis pelo assassinato da estudante.

No texto, o governo ainda condenou "o aprofundamento da repressão, o uso desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança" e repudiou a perseguição a manifestantes, estudantes e defensores dos direitos humanos.

Crise

A Nicarágua vive uma crise sociopolítica com manifestações que se intensificaram, desde abril, contra o presidente Daniel Ortega que se mantém há 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção. A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais.

O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de Medina participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra Ortega em abril "era parte de uma farsa" porque "nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça".

Em entrevista a uma emissora de TV local, o retior da UAM acrescentou que as forças paramilitares "sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada. Eles andam sequestrando e fazendo batidas".

O governo de Daniel Ortega foi acusado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) pelos assassinatos, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias ocorridas em território nicareguense.

* Com informações da agência EFE

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