Brasil

Após liderar atos, torcidas organizadas planejam candidatos às eleições

A visibilidade que esses líderes de protestos anti-Bolsonaro têm, principalmente nas redes sociais, pode ajudá-los a serem lembrados no dia da votação

Torcidas: A articulação das arquibancadas contra Bolsonaro foi motivada pela sanção da lei que endurece as punições para as torcidas organizadas (CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO/Estadão Conteúdo)

Torcidas: A articulação das arquibancadas contra Bolsonaro foi motivada pela sanção da lei que endurece as punições para as torcidas organizadas (CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO/Estadão Conteúdo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de julho de 2020 às 12h07.

Por trás dos atos de rua contra o presidente Jair Bolsonaro realizados nas últimas semanas, torcidas organizadas planejam lançar candidatos às eleições municipais. Pelo menos 38 integrantes de grupos de torcedores de times de futebol pretendem concorrer ao cargo de vereador em 20 cidades, segundo a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg).

Nos partidos políticos, há quem acredite que integrantes de torcida organizada podem ter boa votação. Em meio ao impacto da covid-19, não deve haver campanha de rua. A visibilidade que esses líderes de protestos anti-Bolsonaro têm, principalmente nas redes sociais, pode ajudá-los a serem lembrados no dia da votação.

A articulação das arquibancadas contra Bolsonaro precede a pandemia e foi motivada pela sanção sem vetos do presidente à Lei 13.912/19, que endurece as punições para as torcidas em casos de violência nos estádios.

Os atos de rua reuniram integrantes de Gaviões da Fiel, Mancha Alviverde, Independente, Torcida Jovem do Santos, Palmeiras Antifascista, Democracia Corintiana, e Porcomunas, além de outras organizações com bandeiras em defesa da democracia e pautas contra o governo federal.

"Estamos atravessando uma nova era na qual os movimentos sociais são autônomos e têm vida própria. Eles tendem a ser uma nova onda na organicidade da sociedade civil", disse Alex Sandro Gomes, o Minduim, integrante da Gaviões da Fiel e presidente da Anatorg. A entidade reúne 214 das 782 torcidas uniformizadas do país.

Na capital paulista, a Anatorg apoia o movimento Somos Democracia, que convocou as manifestações na Avenida Paulista e Largo da Batata contra Bolsonaro. O coordenador do grupo, Danilo Pássaro, da Gaviões da Fiel, é uma das apostas do PSOL na disputa para a Câmara Municipal de São Paulo.

"Em processos de instabilidade e manifestações sempre surgem novas lideranças. Foi assim também no movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff, no qual surgiram Kim Kataguiri (deputado do DEM e fundador do Movimento Brasil Livre) e Carla Zambelli (deputada bolsonarista e fundadora do Nas Ruas)", disse a deputada federal Renata Abreu (SP), presidente nacional do Podemos, partido que pretende lançar, em São Paulo, o puxador de samba da Gaviões da Fiel, Ernesto Teixeira.

Apesar de serem majoritariamente contra Bolsonaro, as torcidas também contam com setores pró-governo e outros que criticam o engajamento partidário das agremiações.

"As torcidas representam um movimento com grande repercussão, por isso é natural que busquem representatividade política. Mas elas estão divididas. Ouvi muitas críticas de corintianos em relação a esses movimentos nas ruas", disse o vereador paulistano Rodrigo Goulart (PSD), que é ligado à Gaviões da Fiel.

Outra aposta na capital é o empresário André Azevedo, presidente da Dragões da Real, que negocia sua candidatura com o PCdoB.

"Estão surgindo lideranças não convencionais nessa pandemia. Lideranças da greve dos motoboys, do movimento negro e das torcidas formam um arco de resistência na luta democrática que vem de fora dos sindicatos tradicionais", disse o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).

Acompanhe tudo sobre:DemocraciaEleições 2020Jair Bolsonaro

Mais de Brasil

Alesp aprova proibição de celulares em escolas públicas e privadas de SP

Geração está aprendendo menos por causa do celular, diz autora do PL que proíbe aparelhos em escolas

Após cinco anos, Brasil recupera certificado de eliminação do sarampo

Bastidor: queda na popularidade pressiona Lula por reforma ministerial e “cavalo de pau do governo”