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Após insulto de Bolsonaro, governadores lançam Consórcio Nordeste

O pacto visa a cooperação entre os nove estados da região em demandas como desenvolvimento social, econômico e ambiental

Flávio Dino: “enquanto alguns querem criar conflitos, nós queremos trabalho, ação e resultados" (Valter Campanato/Agência Brasil)

Flávio Dino: “enquanto alguns querem criar conflitos, nós queremos trabalho, ação e resultados" (Valter Campanato/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2019 às 05h51.

Última atualização em 29 de julho de 2019 às 06h45.

Dez dias após o presidente Jair Bolsonaro ter azedado a relação com  governadores do Nordeste ao insultá-los em um café da manhã com jornalistas, o que foi respondido com uma carta de repúdio assinada pelos líderes estaduais, nesta segunda-feira, 29, os nove estados que compõem a região deverão formalizar um pacto batizado de Consórcio Nordeste.

A iniciativa, que já havia sido anunciada e estava sendo aprovada nas assembleias estaduais, visa uma maior cooperação política, econômica e social para alavancar o crescimento da região.

Além do lançamento oficial do Consórcio que neste primeiro ano será presidido pelo governador Baiano Rui Costa (PT), a ideia do encontro desta segunda-feira é dar os primeiros passos para decidir o plano de trabalho do pacto que foi anunciado no mês de março.

Com o acordo, os governadores da região esperam realizar projetos conjuntos, atrair mais investimentos e criar fundos de financiamento e captação de recursos. 

A iniciativa prevê, por exemplo, fazer grandes licitações conjuntas entre os estados para a compra de materiais, assim reduzindo os custos que seriam praticados em aquisições de menor escala. Também será possível a realização de parcerias em áreas como educação, turismo, troca de tecnologia e ações de preservação ambiental. 

O encontro que será sediado na Bahia deve tratar das recentes polêmicas envolvendo o presidente Jair Bolsonaro. Essa será a primeira vez que todos os governadores da região irão se reunir após terem assinado uma carta de repúdio às falas de Bolsonaro.

Numa gravação vazada durante um café da manhã com jornalistas há dez dias, Bolsonaro disse ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão”, se referindo a Flávio Dino, do PCdoB. “Paraíba” é um termo pejorativo usado no Rio de Janeiro para se referir a nordestinos.

Após a declaração, o governador da Bahia, Rui Costa, que encabeça a liderança do Consórcio que será lançado hoje, deixou de comparecer à inauguração de um aeroporto em Vitória da Conquista, evento que contou com a presença de Bolsonaro.

Ao portal de notícias UOL, o alvo do presidente, Flávio Dino, declarou que “enquanto alguns querem criar conflitos, nós queremos trabalho, ação e resultados. É isso que vamos procurar distinguir, então a reunião vai ser marcada sobretudo pela agenda do Consórcio Nordeste”, disse.

Para o governo federal, a iniciativa pode trazer um complicador na tramitação da reforma da Previdência, que ainda precisa ser votada em segundo turno na Câmara e depois no Senado.

Embora não tenha ingerência sobre suas bancadas, os governadores nordestinos já conseguiram tirar estados e municípios do texto, e podem fazer pressão por novas alterações. O Nordeste tem 151 deputados (29% do total) e 27 senadores (33% do total).

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