Bolsonaro vai à Câmara para entregar texto da reforma da Previdência
Proposta de Emenda à Constituição que deve mudar as regras para se aposentar no Brasil precisa ser aprovada por dois terços do Congresso
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 09h29.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2019 às 10h53.
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro entregou nesta quarta-feira a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência ao Congresso Nacional e se reuniu com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Bolsonaro foi acompanhado em sua visita ao Congresso pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. A reforma da Previdência é a principal prioridade do governo Bolsonaro e também é apontada como crucial para enfrentar o rombo nas contas públicas.
O presidente chegou ao Congresso por volta das 9h25 e, acompanhado de Maia e Alcolumbre, dirigiu-se ao gabinete da Presidência da Câmara para apresentar a proposta da reforma da Previdência pontualmente às 9h30.
Bolsonaro, ministros e parlamentares que o acompanharam não falaram com a imprensa na chegada, somente acenaram.
Perto do gabinete de Maia, após a chegada do cortejo presidencial, deputados de oposição vestido com coletes laranjas e empunhando também frutas protestaram contra Bolsonaro e cobraram investigações do que eles chamaram de "laranjal" - uma referência às suspeitas de irregularidades no uso de recursos público do fundo eleitoral com candidaturas do PSL, partido do presidente.
O líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), cobrou a demissão imediata do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, e as investigações sobre essas suspeitas de irregularidades, inclusive com a vinda ao Congresso do ex-ministro Gustavo Bebianno.
Segunda sondagem do Paraná Pesquisas, quase três quartos dos deputados federais acreditam que este é o momento adequado para a reformulação do sistema previdenciário brasileiro. No entanto, é certo que a tramitação da proposta não será fácil. Ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que ainda precisa de 60 a 70 para que a proposta seja aprovada na Câmara.
ENTENDA COMO SERÁ A TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO
Primeiro passo: análise na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ)
Neste primeiro momento, a Comissão analisa se a matéria pode sequer ser admitida pela Câmara. Esta fase poderia começar logo após o recesso de Carnaval, por volta do dia 11 de março.
O número e composição de membros será definido por Maia com base na proporcionalidade partidária e por indicação dos líderes. A CCJ da legislatura passada tinha 66 membros.
Um relator para o texto será escolhido pelo presidente da comissão, um parecer será apresentado e após dois pedidos de vista, que podem ser solicitados por parlamentares e adiam o cronograma, o texto pode ser ser discutido e votado.
Toda essa fase pode durar entre cinco e dez dias, podendo ser encerrada ainda em março.
Segundo passo: análise na Comissão Especial
Aqui a proposta já foi considerada admissível e começa a análise do mérito ao longo de no máximo 40 sessões, que podem ser prorrogadas.
Nas primeiras dez sessões, emendas podem ser apresentadas se tiverem a assinatura de pelo menos um terço da Casa (171 dos 513 deputados).
Essa fase pode durar mais do que os 10 dias úteis previstos, e audiências públicas poderão ser realizadas.
Encerrado o prazo para emendas, o relator pode comunicar seu parecer, que após duas sessões pode ser discutido e votado. É possível que esta fase esteja encerrada, portanto, em meados de maio.
Terceiro passo: votação na Câmara
Aprovada pela CCJ e pela Comissão Especial, a proposta precisa esperar duas sessões para então ser incluída na pauta do plenário, discutida e votada.
Por ser uma emenda constitucional, a reforma precisa ser aprovada por dois terços da Casa, o que significa 308 dos 513 deputados, em dois turnos.
Após aprovação no primeiro turno, há um intervalo de cinco sessões para o segundo. Nesse intervalo, o texto volta para a Comissão Especial para que a redação seja aprovada.
Na hipótese mais rápida, isso tudo pode acontecer por volta de maio e junho, mês também afetado pelas celebrações juninas.