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Adélio diz que se sair da prisão vai "cumprir missão de matar Bolsonaro"

Segundo autor da facada em Juiz de Fora, motivação para ataque foi de que o presidente "entregaria nossas riquezas ao FMI, aos maçons e à máfia italiana"

Adélio Bispo também pediu transferência para Minas Gerais, já que a prisão onde está, no Mato Grosso do Sul, esta impregnada "de energia satânica" (Ricardo Moraes/Reuters)

Adélio Bispo também pediu transferência para Minas Gerais, já que a prisão onde está, no Mato Grosso do Sul, esta impregnada "de energia satânica" (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de maio de 2019 às 18h58.

Última atualização em 31 de maio de 2019 às 12h29.

Belo Horizonte — Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado contra o hoje presidente da República, Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora, afirmou durante avaliação psiquiátrica que tentou assassinar o então candidato porque, se eleito, Bolsonaro "entregaria nossas riquezas ao FMI, aos maçons e à máfia italiana".

Para Adélio, de acordo com o que disse na avaliação, seriam mortos "os pobres, pretos, índios, quilombolas, homossexuais, só ficando os ricos maçons dominando as riquezas do Brasil". O autor do atentado, cometido à faca, na cidade mineira em 6 de setembro do ano passado, está preso em Campo Grande (MS).

Adélio Bispo disse ainda que, quando sair da prisão, vai "cumprir sua missão de matar Bolsonaro e também Michel Temer (ex-presidente da República), que também participaria do complô maçônico para conquistar as riquezas do Brasil".

As declarações constam na decisão do juiz Bruno Savino, da 3.ª Vara Federal de Juiz de Fora, que julgou inimputável (impossibilidade de ser condenado) o agressor de Bolsonaro por sofrer de Transtorno Delirante Persistente.

Em carta enviada à direção do presídio onde está, Adélio Bispo pede transferência para Montes Claros, Região Norte de Minas, onde já morou, "em razão daquele prédio ter sido construído com características da arquitetura maçônica, além do local estar impregnado de energia satânica".

A decisão reproduz trecho do laudo psiquiátrico de Adélio Bispo e como surgiu a doença. "O periciado é portador de Transtorno Delirante Persistente. A raiz da doença é genética, reforçada por vivência traumática na mais tenra infância. O periciado em nenhum momento citou qualquer relação afetiva. Da mesma forma, tanto no primeiro quanto no segundo (tempo pericial) não se referiu a nenhum amigo (...) Ou seja, apresenta uma total falta de capacidade de vinculação (...)".

O relatório diz ainda que o agressor de Bolsonaro em momento algum relatou qualquer relação com parentes. "Na curva vital do periciado vemos como e depois se manifesta essa personalidade paranoide, culminando na eclosão da doença. Não nos conta nada sobre irmãos, parentes, amigos, dando-nos a impressão de como não existissem. O que nos leva a concluir que já naquela época se tratava de um indivíduo isolado, com poucos relacionamentos, contatos com outras pessoas".

E, ainda, problemas no trabalho. "Começam a surgir com mais clareza as mudanças de emprego - 'não me adaptava, achavam que tinha que fazer de um jeito e eu achava que era de outro' (...) Sentindo-se sempre inferiorizado diante disso, pede demissão". Bispo teria passado por mais de 30 empregos em 20 anos, conforme consta na decisão.

A doença mental de Adélio Bispo, conforme relatada no posicionamento do juiz, se caracteriza pela "presença de delírios persistentes. Descrevendo complôs imaginários de entidades poderosas nos quais se vê enredado. Não é raro que acompanhe o indivíduo ao longo da vida". E que pessoas que convivem com quem tem a doença raramente percebem a intensidade da patologia e subestimam os riscos que ela pode apresentar".

O advogado de Adélio Bispo, Zanone Manuel de Oliveira, afirmou que todas as declarações de seu cliente condizem com o resultado do laudo pela inimputabilidade e a decisão do juiz.

"No início, acharam que era lero-lero da defesa a alegação de problemas mentais de Adélio Bispo. Mas hoje está provado que não era", disse.

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